Os desafios do ano 2020 na sociedade moderna do século XXI

2020 finalmente chegou. O entusiasmo e o espírito de festa das pessoas abraçaram o novo ano como se de um nascimento de um bebé se tratasse. Sonhos antigos voltam a renascer e parece que a vida será um mar de rosas, mas não nos esqueçamos do seguinte: A sociedade em que vivemos está cada vez mais um desafio à resistência psicológica de cada indivíduo. Julgo que é essa a realidade que teremos com que contar em 2020, embora seja importante nunca esquecer os momentos de diversão e alegria que poderemos viver no ano de 2020.

Contudo, não podemos tapar o sol com uma peneira através dessa época festiva e imaginar 2020 como um ideal ano cor de rosa e de facilidades. Vivemos na era do egocentrismo, da indiferença e da competição. Vivemos numa era onde a solidariedade é afogada no mar da indiferença, onde as hierarquias e desigualdades submergem no gelo do anonimato pessoas criativas e com muito talento para dar à sociedade. Onde doutores e engenheiros são vistos como semi-deuses e os sem abrigos como leprosos. Vivemos na era da competição predatória, onde quem é derrotado é ostracizado e subvalorizado. 

O Natal é uma época mágica que apela à solidariedade, ao amor e à fraternidade. No ano novo, vemos mensagens de bem-querer ao próximo. Porém, ao longos dos anos, vemos comportamentos contraditórios de muitas pessoas. Poucos são aqueles que se alegram com as alegrias e conquistas dos outros e poucos são aqueles que se preocupam em ajudar os que mais sofrem. Recentemente, vi a reportagem da TVI de Ana Leal sobre um ex-professor universitário de Psicologia. Caiu na miséria e viveu na rua e em albergues noturnos. Passou fome, sentiu a indiferença e discriminação e experimentou a horrível sensação de tontura e desmaio, decorrente da falta de glicemia na corrente sanguínea. Enfrentou o feroz leão do frio, da fome e da doença. Era uma pessoa de uma cultura extraordinária tratado como um homem sem valor e utilidade. Tinha muitos amigos, conviveu com personalidades ilustres, mas foi abandonado na hora da adversidade.

Chegou mesmo a estar casado com a atual Secretária de Estado dos Assuntos Europeus com quem teve dois filhos. Mário Soares foi padrinho desse casamento. Foi uma mente brilhante no mundo da Psicologia. Inácio foi professor, investigador e escreveu artigos científicos publicados em livros. Felizmente, hoje tem casa própria e não passa fome pois foi ajudado por uma instituição de solidariedade social. Felizmente, também há boas pessoas no mundo com sentido de justiça.

Para 2020, urge transportar o espírito do Natal para os 366 dias que este ano terá. Cultivar a generosidade, a harmonia e a empatia para com os problemas do próximo e não desonrar o espírito natalício com hipocrisia e falsidade. O Natal não é para ser lembrado apenas nos dias 24 e 25 de Dezembro. Urge também ter um espírito de combate, determinação, coragem e inteligência emocional para enfrentar os momentos de crise, frustração e adversidade. 

Recentemente assisti a uma masterclass de Coaching online da coach Susana Torres (que se tornou famosa por ter sido coach do Éder, que marcou o golo que permitiu a Portugal vencer o Euro 2016, em França) sobre os passos que devemos dar em 2020 para transformar os nossos erros em sucesso. Os mais importantes conteúdos que retive foram: 

  • Devemos procurar aumentar os nossos conhecimentos ao máximo, porque todos as nossas maiores conquistas na vida vieram do nosso conhecimento; 
  • Ter resistência à frustração e nunca perder o foco nos nossos objetivos; 
  • Ter uma boa rede de influência, porque pessoas positivas dão-nos força e ânimo; 
  • Saber traçar objetivos, porque quem os traça tem mais energia mental para encontrar soluções para os seus problemas; 
  • Ser hábil na comunicação, porque quem comunica melhor tem mais hipóteses de encontrar e criar oportunidades do que quem não comunica bem.

O mundo não é um arco-íris e temos de ter o nosso escudo protetor que é feito de todo o manancial de qualidades que possuímos no nosso interior. Porque a sociedade não é o arco-íris que as lindas mensagens de Natal e Ano Novo nos transmitem. Há muita competição, inveja e indiferença e é preciso carácter para enfrentar os desafios do futuro. O amor próprio não poderá faltar pois é nosso porto de abrigo nos momentos de fracasso e adversidade.

Em 2020, sugiro que saibamos investir em nós próprios, que nos saibamos amar, pois assim teremos resistência e coragem para lutar contra as adversidades forjadas por uma sociedade que, regra geral, não promove a solidariedade para com quem mais sofre e onde as amizades podem ser deitadas ao lixo num ápice sem justificação ou por desinteresse e onde abundam desgostos amorosos que podem ferir os sonhos e o ânimo de qualquer pessoa. Haja amor próprio, uma vez que, onde ele existe, existem também alicerces seguros para a resistência e a coragem. Nunca percamos a generosidade e o amor à Justiça, mas lutemos e protestemos com determinação contra as injustiças e desigualdades sem nunca esmorecer perante elas. Sejamos simples como as pombas, mas tenhamos a bravura e a ousadia dos tigres e leões.

Concordo com esta frase de Napoleão Bonaparte, embora não com o seu imperialismo que tentou implementar no séc. XIX:

A maior qualidade do ser humano é a resistência à fadiga. A segunda é a coragem.

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