Um som inaudível aos ouvidos humanos, mas perceptível para os animais da mesma espécie. Assim, comunicam os elefantes, por entre sons tímidos e graves, que contrastam com os sons produzidos pela tromba de um animal desta envergadura. Agora, após uma investigação realizada por biólogos da Universidade de Viena à laringe de um elefante do jardim zoológico de Berlim, que faleceu, o mundo da ciência pode estar perto de perceber como é que os elefantes conseguem “falar”.
No estudo publicado em Agosto, na revista Science, Christian Herbst, biólogo responsável pelo estudo, explica que existem duas teorias que tentam explicar este fenómeno: uma defende que o som produzido pelos elefantes é unicamente produzido pelas cordas vocais, que são semelhantes às dos humanos (apesar das cordas vocais dos elefantes serem oito vezes maiores), enquanto que a outra acredita que, tal como os gatos, os elefantes ronronam através da contracção voluntária dos músculos.
Para testar esta teoria, os cientistas tentaram perceber se a laringe do elefante produzia o mesmo som, se não tivesse ligado ao músculo do animal, colocando a laringe na ponta de um tubo de alumínio. Os resultados foram surpreendentes: os sons produzidos nos testes eram muito semelhantes aos produzidos por um elefante. “os sonogramas feitas a partir das gravações, os sons, incluindo os registos menores, se pareciam com o que se espera de um estrondo de um elefante”.
Assim, com os resultados destes testes ficou claro que o controlo muscular não é necessário para que os elefantes produzam aquele som, comprovando que a segunda teoria de que os elefantes ronronam não é verdadeira. Embora os resultados tenham fornecido pistas para entender o processo de vocalização dos elefantes, esta descoberta não exclui totalmente que o uso dos músculos seja uma parte importante neste processo. “Apesar das descobertas neste estudo, isto não prova que os elefantes abstêm-se totalmente de usar os músculos na produção de chamadas profundas”, salienta Joseph Soltis, um cientista da pesquisa no Animal Kingdom da Disney, que estuda a comunicação entre os elefantes.
Com este estudo, a compreensão de processo de vocalização de outros animais pode avançar de forma significativa, com o auxílio das técnicas utilizadas neste estudo, sendo que, o próximo passo para os cientistas é estudar alguns dos sons produzidos pelas baleias azuis, que não são perceptíveis ao ouvido humano.