Porque é tão difícil de alcançarmos o nosso potencial

Quem em determinado ponto da sua vida não desejou virar na segunda estrela à direita e seguir em frente até ao amanhecer para a Terra do Nunca? Afinal, para os Meninos Perdidos tudo é mais simples: podem ser quem são e acreditar que tudo é possível.

Uma das minhas partes preferidas da história é a explicação que o Peter Pan dá à Wendy sobre o nascimento das fadas:

«– A primeira vez que o bebé ri o seu riso quebra-se em mil pedacinhos que saltaram e esse foi o começo as fadas. Por isso, por cada menino e menina deveria existir uma fada.

– Devia existir? Mas não existe? – Questiona a Wendy.

– Não. As crianças hoje em dia sabem tantas coisas que pararam de acreditar em fadas. E toda a vez que uma criança diz “eu não acredito em fadas” uma fada cai morta em algum lugar.»

Gosto de acreditar que do primeiro sorriso de um bebé nasce uma fada cuja missão consiste em cuidar das certezas da nossa infância: as nossas coisas favoritas, independentemente da opinião dos outros; o que queremos ser, sem ter em consideração os critérios de sucesso estabelecidos pela sociedade em que vivemos, e a crença na possibilidade do impossível.

Quem acha que a vida destas fadas consiste apenas em agitar a varinha de condão e espalhar pó de fada desengane-se.

Com o passar dos anos, o mundo que nos rodeia influencia o efeito da sua magia na crença do nosso potencial para tornar os nossos sonhos realidade: a tripulação do navio pirata do Capitão Gancho empenha-se em destruir a nossa autoestima com balas de canhão, montar armadilhas para prender a confiança nas nossas capacidades e cantar canções sobre os perigos das tentativas falhadas.

Em determinados momentos, a vida parece fazer parte da tripulação pirata e o simples agitar da varinha de condão da fada que nos fazia acreditar nas nossas capacidades transforma-se em obstáculos a ultrapassar.

Como não temos asas para transpor alguns desses obstáculos, temos de recorrer ao pó de fada. Contudo, o perlimpimpim só funciona se tivermos pensamentos felizes.

As cicatrizes deixadas pelos ataques à nossa autoestima, os fiapos de confiança nas nossas capacidades que conseguimos salvar das armadilhas e as músicas sobre as tentativas falhadas que continuam a passar em loop nos nossos ouvidos bloqueiam os pensamentos felizes. Temos duas opções: ou deixamos de acreditar em fadas e os nossos sonhos morrem ou acreditamos em sonhos e o pó de fada funciona com a ajuda de pensamentos felizes.

Porque é tão difícil de alcançarmos o nosso potencial? Porque numa história digna de ser contada a personagem principal tem de duvidar de si para voltar a acreditar no seu potencial.

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