Wes Anderson é um realizador que é obcecado pela simetria perfeita no ecrã. Não sabem o que isso significa, não é? Pois, mas eu estou aqui para explicar-vos.
Este cineasta – que ficou conhecido por filmes como O Fantástico Senhor Raposo, Os Excêntricos Tenenbaums e Moonrise Kingdom -, tornou as cores e a geometria das cenas a sua marca registada. Isto significa que os seus filmes seriam facilmente reconhecidos através das cores que apareciam a partir das telas do cinema, ou da geometria contida minuciosamente em cada etapa do filme. A verdade é que se traçarmos uma linha a meio da tala – tal como Kogonada fez – podemos facilmente ver como Wes Anderson cria as cenas parecendo que elas estão refletidas como se de um espelho se tratasse.
Não é assim tão estranho esta obsessão de Wes pela simetria. Outros realizadores têm outras obsessões que utilizam nos seus filmes. É o caso de Scorsese que gosta de representar o vermelho, por exemplo. Ou de Tarantino que filma os pés das suas personagens mais marcantes. Falando de Tarantino, a referência que este faz aos pés femininos nos seus filmes fez-nos perceber qual era o seu fetiche peculiar. Sim, Tarantino é um podólatra assumido. Isto mostra que muitos realizadores transportam os seus fetiches e obsessões para os seus filmes. Wes Anderson é só mais um deles.
Partindo desta análise, é impossível negar que, de facto, a maior parte dos realizadores são reconhecidos pelas obsessões que têm, ou seja, elas acabam por tornar-se uma “imagem de marca”. É assim que os seus filmes são reconhecidos: pelas impressões que nele estão contidas. Assim, sabemos que um filme é da autoria de Wes Anderson, quando vemos que ele é totalmente simétrico. Ou que é da autoria de Scorses, quando representa fortemente o vermelho.
Concluindo, é inegável dizer que as obsessões de cada realizador estão implícitas nos seus filmes. São elas que prendem o espetador ao ecrã e que fazem com que o nome de quem realizou o filme fique na sua mente. Talvez se Wes Anderson não fosse obcecado pela simetria, ela não fosse tão conhecido agora. Talvez seja essa mesma simetria que faz o público apaixonar-se pelos seus filmes, prender-se à tela e às imagens e querer esperar pelo próximo.