Anticoncepcional masculino – «A (r)evolução»

Há uns dias, enquanto passeava os olhos pelas notícias, eis que me deparo com algo, que apesar de saber existir, pouco se fala: métodos contraceptivos masculinos, sabem algo sobre o assunto?

Suponho que a maioria respondeu: preservativo e vasectomia.

Acertaram em dois dos sete que abordarei. São os mais conhecidos, mas há outros embora em fase de estudo.

O preservativo já todos conhecem, apesar das mentes iluminadas do «ao natural é que bom» e, por vezes, é tipo Bolo Rei — tem brinde: ou vem doença, ou gravidez. Relembrar que é um método reversível, sem efeitos secundários e seguro. Bónus: prevenção de doenças sexualmente  transmissíveis.

A vasectomia — nome estranho, que mais lembra atirar-lhes com um vaso ao «abono de família» e assunto resolvido — é um método irreversível que consiste no corte do canal que liga o testículo ao pénis, impedindo a libertação dos espermatozoides, logo a fecundação e gravidez. Por norma, homens que não querem ter mais filhos, recorrem ao método.

Depois entramos nos métodos pouco abordados, visto que estão em estudo (e estarão porque com a quantidade de métodos femininos, os homens vão escapando). Em «acidentes» é o corpo delas que sofre.

A responsabilidade é de ambos, mas vamos aos métodos em desenvolvimento: Vasalgel (anticoncepcional em gel), uma opção não hormonal em que é injectado um gel nos canais deferentes, impedindo a chegada dos nadadores, durante cerca de 10 anos. O procedimento dura aproximadamente 15 minutos, com anestesia local e pode ser revertido, através da aplicação de um solvente.

Quem já ouviu falar da DMAU? Não é um partido político, mas não lhe assentava mal, já que fazia pelo menos justiça à qualidade da maioria. Esta «bela» é a pílula anticoncepcional masculina, que diminui a quantidade de testosterona e, por sua vez, a quantidade de espermatozoides e a sua mobilidade. Portanto, interfere com a fertilidade do homem.

É reversível, mas como os efeitos secundários são uma chatice e os pobrezinhos dos homens não podem sofrer, os estudos continuam.

A prima da DMAU, a RISUG, uma injeção anticoncepcional é aplicada no canal de libertação dos espermatozoides, sob anestesia local e dura entre 10 e 15 anos. Esta opção bloqueia a ejaculação. Para já ainda não está aprovada.

A DBAD (outro nome sugestivo para um partido político) que simplificado é inibidora do ácido retinóico (presente na vitamina A) diminui a produção de nadadores, mas como há influência no metabolismo do álcool, são necessários mais estudos para perceber se a solução é viável.

Por fim, H2-gamendazol interfere na formação e diferenciação dos espermatozoides. É reversível em doses baixas, mas em doses mais altas não se verifica reversibilidade, sendo necessários mais testes para definir a dose segura para a sua utilização.

Recentemente, para nossa esperança, dois contraceptivos passaram a fase 1 dos ensaios clínicos: a DMAU e a 11beta-MNTDC.

Reduzem a testosterona sem efeitos colaterais.

A fase 1 contou com 96 homens saudáveis a quem foram, aleatoriamente, distribuídas pílulas em dosagens diferentes e placebo. Verificou-se uma queda do nível da testosterona. De referir, e muito importante, 75% dos participantes ficaram fãs.

Não esfreguem já as mãozinha (só se estiverem com elas geladas, visto que o inverno resolveu vir visitar o verão) porque a previsão disto estar no mercado é daqui a algumas décadas.

Portanto, viva o preservativo e a vasectomia. E viva a coragem da mulher em se sujeitar aos diversos tratamentos hormonais para evitar gravidezes indesejadas.

É um grande passo na contracepção masculina. Os homens devem (pelo menos deviam) ter um papel mais activo no planeamento familiar. Até lá, já sabem, façam o que fizerem, com a crise instalada, aproveitem as consultas de planeamento para, pelo menos, não gastarem dinheiro em preservativos e pílulas. Não há desculpa com o «ai e tal, foi só uma vez».

Homens deste país, a responsabilidade de evitar uma gravidez não pode assentar apenas na mulher.

Mulheres deste país, por amor da «Santinha das pílulas», não se esqueçam dos comprimidos, ou a barriga cresce e não são gases ou cólicas. Há tantos métodos para nós, que estaria aqui até ao fim do verão (quando ele decidir vir) a repetir o que já sabem desde o ensino secundário.

Quem sabia disto tudo, pisque o olho esquerdo. Pisco o direito porque o esquerdo perdeu a lente de contacto com tanta informação. Agora vou ali procurá-la e volto daqui a duas semanas.

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Antigo Acordo Ortográfico.

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