Novo paradigma emergente. Eu tenho mais de 5000 amigos, logo existo.
O António Damásio e o Charles Darwin que se cuidem. Nos tempos modernos, o factor de selecção natural é o estar presente em todo o lado. É o tornarmo-nos um pequeno Deus omnipresente em toda a rede.
O nosso mundo real tornou-se enfadonho face aos multiuniversos existentes por detrás de um ecrã. Está comprovado, os universos paralelos existem mesmo e a cada dia são mais apetecíveis.
A vida, tal como ela é, é um electrocardiograma constante de altos e baixos e, não tendo arcaboiço para lidar com os baixos, afundamo-nos num mundo disruptivo de emoções que nos obrigam a refugiar-nos nos mundos do faz de conta.
Os nossos pais não nos prepararam para isto. A vida doi tanto que urge fugir dela.
É tão bom regressar a uma longínqua infância e jogar à Terra do Nunca. Todos os dias podemos ser um personagem diferente e escolher um palco novo da vida. Muitas vezes, um Altice Arena, noutros um stand up comedy.
No entanto, o que nos valida são a quantidade de espectadores que nos aplaudem. Quanto maior o número de seguidores mais eu tenho valor, mais significado atribuo à minha existência. Será que vivo ou sobrevivo?
São tantos os rostos no meu teclado, são tantos os nomes que os acompanham, são tantos os likes e as fotografias perfeitas. Contudo, se me cruzar na rua com um desses amigos virtuais viro a cara e atravesso a estrada. Vai-se lá a ver se me olham nos olhos e percebem tudo.