Há algum tempo, umas marcas redondas e que lembram bastante uma mandala são observadas por pessoas comuns, mergulhadores e biólogos marinhos nas areias dos mares. Saber a origem destas marcas e o motivo da sua criação foi o centro de muitas teorias. E foi em 1995 a primeira vez que foram vistas e documentadas.
Estas marcas “desenhadas” na areia a quase 80 metros abaixo da linha de água, possuem forma redonda e ondulações na areia, formando um certo patrão geométrico e mediam entre 1 a 2 metros de diâmetro. Por causa da sua forma e da sua origem desconhecida, estas marcas foram comparadas aos “círculos das plantações”, aqueles desenhos que “apareceram” em campos de cultivos.
Foi somente só em 2011 que finalmente se resolveu este mistério. Foi difícil relacionar algum animal com a criação destas marcas, até que finalmente o responsável foi apanhado com “as mãos na massa”.
Câmaras submarinas colocadas nas areias dos mares do Japão mostraram que o artista destes desenhos no fundo do mar era, na verdade, um tipo de peixe-balão pertencente ao género Torquigener e que, com apenas 12cm de tamanho, utiliza as suas barbatanas para trabalhar dia e noite, durante uma semana, e formar este desenho circular. É também curioso constatar que esta espécie, para além do trabalho com a areia, utiliza pequenos pedaços de conchas e pequenas pedras para embelezar a sua obra de arte.
Pesquisas mostraram que estes misteriosos círculos não são feitos somente para embelezar o fundo dos oceanos. Ao longo do escuro leito marinho, é através destes círculos que as fêmeas encontram o caminho para chegar até ao macho e aos ovos resultantes do seu acasalamento, que são colocados no centro do círculo. Descobriu-se que os sulcos e as crestas na areia neutralizam as correntes, protegendo os ovos de se espalharem pelos mares e consequentemente de serem alimento de predadores. Assim, estes círculos misteriosos são na verdade um ninho. Como os machos nunca reutilizam os mesmos ninhos e fazem um círculo novo para atrair outra fêmea.
Por ser um dos muitos tipos de peixe-balão, este pequeno animal é capaz de inchar até quadruplicar o seu tamanho e, assim, afugentar os seus predadores. Esta peculiaridade de se converterem em balão, deve-se ao facto de terem um estômago elástico e por ter a capacidade de ingerir rapidamente grandes quantidades de água e de ar, aumentando assim o seu tamanho.
Também por ser um tipo de peixe-balão, possui tetrodotoxina na sua carne, que é uma toxina sem antídoto e que é 1.200 vezes mais venenosa do que o cianuro. Surpreendentemente, a carne de algumas espécies de peixe-balão é considerada um manjar no Japão, uma iguaria extremadamente cara chamada de fugu e que é apenas preparada por chefs altamente qualificados, pois um pequeno erro na preparação deste prato significa a morte por envenenamento para o cliente. Um erro que parece ser bastante comum e que causa a morte de várias pessoas por ano, neste país asiático.
Há cerca de 120 espécies de peixe-balão, mas o nosso pequeno peixe artista que faz desenhos na areia para perpetuar a sua espécie com certeza merece um destaque especial dentro de todas as espécies de peixe-balão. Podes vê-lo em plena acção “artística” no vídeo que se segue: