Somos feitos de amor. Da necessidade do amor. De nos sentirmos amados e de amarmos alguém. Faz parte de nós, ainda que em muitos (alguns de nós), e em diferentes momentos questionemos isso. Mas nada nesta Vida é estanque. Tudo se transforma e o tempo, que passa num ápice, traz também consigo a mudança.
A mudança de gerações, a mudança de padrões, de vontades e de novos conceitos. O tempo traz consigo a evolução. E é nesta mudança e nesta evolução que é curioso observar e questionar.
Como é hoje o Amor?
Afinal, se tudo de manisfesta de mudanças, assim também o é na forma de Amar.
Longe vão os tempos – ou talvez até nem assim tão longe – de namorar à janela. De esquemas e estratagemas para se estar junto à pessoa amada. Longe vão os tempos do ritual de pedir a mão em casamento ao pai da amada. E longe vão os tempos – aparentemente – de um amor que durava uma Vida. Não o amor obrigado e encomendado, mas, sim, o verdadeiro Amor! Aquele que perdura pelo tempo e emana a sensação de carinho, respeito, cooperação, dedicação e muito, muito Amor.
Noutros tempos, a vida tinha menos facilidades. Noutros tempos, muitas eram as coisas feitas de raiz e o tempo – do relógio – era vivido de uma outra forma. As prioridades eram outras e os objetivos também, mas o relógio parecia andar mais devagar.
Hoje, a correria é constante. Somos partes de prazos a cumprir e tarefas a terminar – que se tornam intermináveis. Hoje, as lutas diárias são mais descabidas e muitas das vezes sem norte. Sem sabermos muito bem por onde e para onde queremos ir. Hoje, o Amor mudou. Nem tanto o Amor, mas a forma como Amamos. Porque nos é mais fácil isto das tecnologias e o toque nas teclas, do que o toque em pessoas. Porque nos é mais fácil “criar” máscaras e conversar virtualmente – ainda que nos faltem letras – do que no convívio próximo de conversas alargadas e acompanhadas de café. Hoje somos mais “likes” do que verbalizar um “Amo-te”.
Mas sabemos Amar. E sabemos Amar bem. Faz parte de nós, da essência de cada um. Que poderá, ou não, estar adormecida. Mas nós sabemos e precisamos do Amor. Na forma de pessoa, na forma de toque e palavra. Há coisas que não nos devem distrair. E há por aí, diversas e diferentes formas de Amar. Que começa em nós e se expande para o outro. Que é mais do que um espelho onde eu me devo olhar. E ainda que o tempo passe e traga mudanças, às vezes somos nós quem de verdade não se permite Amar.
Ainda que novas gerações cheguem, que se mudem padrões, vontades e conceitos, há um fio que vem de trás. E que sabe que Amar é Estar.