All I Want for Christmas is Vaccine

De acordo com os noticiários, citando a DGS, a 17/12/2021 foram vacinadas cerca 70.000 com a dose de reforço contra a Covid-19. Ao mesmo tempo que se cumprem números heroicos de vacinados, surgem em ascendência o número de novas infecções.

Dos 4 níveis de prevenção de saúde, a vacinação encontra-se no nível primário, cujo objectivo é reduzir/prevenir os factores de riscos, evitando que se desenvolvam doenças. Através desta intervenção procura-se reduzir a incidência da doença, agindo sobre indivíduos, grupos específicos ou sobre a população em geral. Contudo, esta insistência em vacinar e esta promoção e marketing das vacinas, bem como a novidade e as questões que dela se levantam, podem incluir-se num nível de prevenção introduzido recentemente – Prevenção Quaternária – em que a saúde é influenciada por uma sobreinformação e hiperestimulação por fontes pouco credíveis, com informação tendenciosa que as pessoas não sabem analisar. Assim, os utilizadores dos cuidados de saúde tornam-se mais interventivos na sua saúde e mais autónomos, aceitando menos passivamente a autoridade e intervenção médica, usurpando funções e competências que se podem trazer num aumento de riscos.

Desta forma, não é rastreado o acesso aos cuidados de saúde e os riscos de se desenvolver uma sociedade hipermedicalizada, sujeita aos efeitos secundários de um uso excessivo de medicamentos, tratamentos e consumo dos serviços de saúde, aumentam os prejuízos para a saúde.

Este aumento da autonomia, da exigência e da sobreinformação levam à incapacidade de gerir, de forma eficiente, o acesso desmesurado aos cuidados de saúde, tornando as instituições sobrelotadas de utilizadores e escassas em prestadores de serviços. Por outro lado, aumenta o desrespeito pelas pessoas, num egoísmo que se assiste crescer sem barreiras, onde todos têm direitos, mas ninguém tem deveres. Esta visão unilateral de que o outro está ao trabalho “para servir as minhas exigências”, independente das condições em que o faz, transporta-nos para situações bastante comuns, mas muito pouco trazidas à luz: agressão a profissionais de saúde.

Todos nós, numa ou outra ocasião, tivemos a necessidade de recorrer a um serviço de urgência sobrelotado e com tempos de espera insatisfatórios para a nossa necessidade. Contudo, quantos de nós já se avaliaram e se questionaram se “a minha unha encravada”, ou “a dor de costas que tenho há 5 meses” é mesmo uma situação para inundar uma sala de espera? Esta necessidade relativa de cuidados de saúde urgentes é justificação para sair por aí a disferir agressões e provocar lesões nas pessoas que hora após hora de desgaste continuam ali a dar o melhor de si, para dar a resposta possível de cuidar?

Pode ler-se num jornal nacional que no Hospital de Gaia foi violentamente agredida uma médica. A agressora encontrava-se a fazer crochê e agrediu a médica com as agulhas.

Perante isto será importante questionar e refletir… Alguém doente e com necessidade de cuidados de saúde urgente está em plenas condições para estar a fazer crochê? E se alguém está doente tem a capacidade de agredir outrem?

São estas algumas das ideias que devemos ter em consideração quando gastamos recursos de forma desnecessária. Hoje eles… amanhã nós!

Nota: Este artigo foi escrito segundo as regras do Antigo Acordo Ortográfico
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