Todo o que nasce morre ou se esgota no tempo. Esta é uma verdade infalível e à qual não podemos, de forma alguma, escapar. Outro facto universal que tem uma aplicação prática perfeitamente implacável é a de que todas as acções têm consequências. A actual crise pandémica provocada pela Covid-19 (SARS-COV-2 para os entendidos) que está, lentamente, a tomar conta do nosso planeta é um bom exemplo das duas verdades universais a que fiz referência.
O dito sistema capitalista, que se apoia na tese de que dinheiro gera dinheiro mesmo que tal seja na base da especulação, compadrio e destruição de quem se atrever a contrariar o sistema, está a ver o seu fim a aproximar-se. O “Deus dinheiro” tem os dias contados. Tal como o comunismo que se exterminou a si próprio, porque se recusou teimosamente a adaptar, o orgulhoso capitalismo tem o seu destino traçado. Isto a não ser, obviamente, que se perceba de vez que a folha de Excel – tal como o papel higiénico que andou tão em voga nos últimos tempos – se acabou de vez.
Goste-se ou não, para além da clara e manifesta displicência com que a Europa tratou do problema Coronavírus (é sempre a mania da superioridade que nos trama), a verdade é que estamos no estado caótico em que nos encontramos por força dos cortes à cega em sectores cruciais como a Saúde, Higiene e Administração das nossas cidades e países.
Repare a leitora e leitor que foi preciso uma crise sanitária sem precedentes que está, literalmente, a varrer a vida humana de Itália, Espanha, França e por aí adiante para que na Europa rica e desenvolvida surgisse, de vez, a fabulosa ideia de que os espaços e transportes públicos devem estar devidamente higienizados e que nas fronteiras e aeroportos deve haver, sempre, um claro e rigoroso controlo sanitário para, desta forma, se poder, na pior das hipóteses, amenizar situações como a que estamos a viver hoje em dia. Situações que agora nos obrigam a ter de estar fechados em casa em nome da nossa sobrevivência.
E por que razão não se fez o que se deveria ter feito, para além da mania da superioridade que tão bem caracteriza o europeu e demais ocidentais? A resposta é simples. A folha do Excel não o permitiu, porque é muito melhor ter-se um belo excedente orçamental à custa de poupanças na Saúde e outras coisas tais. Que o digam Itália, agora Espanha e daqui a nada a França, países onde a crise do Covid-19 está a arrasar as suas sociedades.
E, agora que se acabou o Excel na Europa, será que se pode olhar para o futuro com esperança? Não sei, até porque agora a ordem é para se gastar o que for necessário para se travar a actual crise a todo o custo. Daqui a dois anos voltamos ao mesmo… Pessimismo? Nem por ists. Basta ter memória.