“The White Queen” é uma série produzida pela BBC, nomeada para três Globos de Ouro, baseada nas novelas históricas de Philippa Gregory e cuja personagem principal, desempenhada pela actriz Rebecca Ferguson , é Elizabeth Woodville, uma personalidade histórica real, mas longe de ser a figura romântica que estas e outras narrativas transmitem.
Nascida por volta de 1437, em Grafton Regis, Northamptonshire, a sua mãe havia sido casada com um filho de Henrique IV. Após a morte deste, casou com o cavaleiro Richard Woodville, de um estrato social inferior, que lhe deu 14 filhos, sendo Elizabeth a mais velha de todos. Por volta dos seus quinze anos, o país envolveu-se numa guerra civil – a Guerra das Rosas, que enfrentou Lancastres (as rosas encarnadas) e Yorks (as rosas brancas) na luta pelo poder. É nessa altura que Elizabeth casa com Sir John Grey, apoiante dos Lancastres, que viria a falecer no campo de batalha. Edward IV, da Casa de York, ocupa então o trono. Após o confisco dos bens do seu marido, Elizabeth apela ao Rei ajuda. A lenda diz que se terão conhecido na floresta de Whittlebury, todavia, era natural que já se conhecessem, visto os Woodville terem desempenhado funções destacadas na corte de Henrique VI.
Ao longo de todo o século XVI, a beleza de Elizabeth foi alvo da atenção de vários escritores, mas quem não ficou indiferente foi o próprio rei, que acaba por a pedir em casamento. O último casamento entre um Rei e uma plebeia havia ocorrido em 1066 e, como tal, o casamento sucedeu-se, mas em segredo, uma vez que seria esperado que o Rei casasse com uma princesa estrangeira, cujas alianças familiares assegurassem o trono. A cerimónia teve lugar em 1464, na casa paterna de Elizabeth, tendo sido anunciado apenas cinco meses depois. Quer a família real, quer as famílias aristocráticas que frequentavam a corte sentiram-se ultrajadas por esta escolha, visto a família de Elizabeth alinhar politicamente pela dinastia opositora à de York.
Apesar desta oposição familiar, áulica e inclusive política, Elizabeth acabaria por gerar dez filhos. O mais velho e herdeiro nasceu em circunstâncias trágicas, nomeadamente no seio da guerra civil. Aos oito meses de gravidez, o Rei foi forçado ao exílio, no seguimento do Golpe de Estado que permitiu o regresso de Henrique VI ao trono, em 1470. Seria só passado um ano, que Eduardo recuperaria o trono e o casamento seria um sucesso, apesar das traições do Rei com Jane Shore.
Após a morte de Eduardo em 1483, a vida de Elizabeth mudaria radicalmente. Embora o seu filho primogénito, de então 12 anos, tenha sido declarado Edward V, a regência foi dada ao seu tio, Ricardo. Rumores surgiram de que o Rei Eduardo IV tinha invalidado o seu casamento com Elizabeth e, por isso, os seus filhos seriam ilegítimos. Como tal, Ricardo, então regente, manda prender os sobrinhos na Torre de Londres, nunca mais tendo sido vistos.
Elizabeth e as filhas refugiam-se em Westminster, forçadas a aceitar o afastamento forçado da corte e resignando-se ao seu papel como Rainha Viúva. É, então, que uma antiga aliada Lancastre, Margaret Beaufort propõe o seu filho, Henry Tudor, à filha mais velha de Elizabeth, Elizabeth de York. Devido ao desaparecimento dos seus irmãos, esta poderia ser considerada a herdeira legítima. Após o casamento, o seu marido Henry vence o seu tio Ricardo III, na batalha de Bosworth Field, em 1485, tornando-se a primeira rainha daquela dinastia.
Elizabeth Woodville, a Rainha Branca, acabaria por morrer em 1492.