Sinceramente, não consegui encontrar um título “justo” para este artigo. Irónico, porque venho falar de um filme cujo título é JUSTIÇA, que, na verdade, é algo que não temos. Destin Daniel Cretton traz-nos neste filme baseado numa historia verídica momentos para rir, chorar, frustração e até de alívio. Um filme que nos prende desde as primeiras imagens, o que é raro nos dias de hoje.
Um sistema corrupto, injustiça social e discriminação racial são apenas alguns temas conhecidos através do filme.
Retrata a visão do sistema norte-americano perante estas mesmas questões (cá entre nós, o problema não está somente no dito sistema). A triste realidade é que, nos quatro cantos deste mundo e em todos os outros cantos incontáveis, compõem sociedades corruptas.
O filme mostra a luta incansável de um jovem advogado depois de terminar os seus estudos na universidade de Harvard. Brilhante e inteligente, podia ter vencido em qualquer firma de qualquer parte do mundo, mas, ao invés disso, tomou a decisão de ir para o Alabama e ser a voz daqueles que não eram escutados e que eram condenados injustamente.
Com o apoio de uma ativista local, o seu primeiro grande caso, foi o de Walter McMillian, condenado à pena de morte pelo assassinato de uma rapariga de 18 anos. Todas as provas indicavam concisamente a sua inocência, mas, com base num único testemunho, o sistema achou suficiente condenar um homem de família, negro, “tudo por se encaixar” nas descrições do homem procurado. Vemo-nos envolvidos num filme em que o advogado se encontra numa luta contra o sistema, o racismo e o tempo.
Eu acredito que as falhas no sistema, a corrupção e racismo não podiam ser representadas de outra forma. Sente-se o desespero do McMillian, é colocada a esperança toda no advogado e como esta esperança não o deixa desistir.
Quantos de nós são mortos injustamente? Porque o sistema assim quis, porque a nossa verdade não interessou ou, então, porque a cor “encaixava” na descrição?
A minha cor nunca vai definir quem eu sou.
O filme conta com Michael B. Jordan no papel do advogado Bryan Stevenson, Brie Larsen no papel da ativista local, e Jamie Foxx no papel do Walter McMillian.
Racismo, corrupção e injustiças são reais. Impossível é continuar achar que não existe, mesmo depois deste filme.
Tudo pela justiça (que não temos).