Pessoa a segurar uma planta

A economia para servir a vida

A história do nosso planeta é marcada por eventos catastróficos que moldaram a vida em todas as suas formas. Ao longo dos seus 4,54 mil milhões de anos, a Terra enfrentou cinco extinções massivas (Extinção Ordovícico-Silúrico: 443 milhões de anos; Extinção Devoniana Tardia: 359 milhões de anos; Extinção Permiana-Triássico: 252 milhões de anos; Extinção Triássico-Jurássico: 201 milhões de anos e Extinção Cretáceo-Paleogénico: 65 milhões de anos) que eliminaram vastas quantidades de espécies, redefinindo a biodiversidade de forma radical. Estas extinções, causadas por uma combinação de fatores como mudanças climáticas abruptas, impactos de meteoritos e atividade vulcânica intensa, resultaram na perda de inúmeras formas de vida.

Atualmente, acredita-se estarmos à beira de uma sexta extinção maciça, mas desta vez, a causa centra-se na atividade humana. A pegada humana na Terra tem sido tão profunda que muitos cientistas defendem estarmos numa nova era geológica, o Antropocénico. Desde a Revolução Industrial, o rápido crescimento económico e a exploração desenfreada dos recursos naturais têm provocado impactos severos na biodiversidade. O desmatamento, a poluição, a urbanização e as alterações climáticas são sintomas de crise ecológica global. Os cientistas clamam por uma transformação radical, uma reinvenção das conceções económicas e das práticas diárias do ser humano.

A produção desenfreada que visa essencialmente o lucro revelou-se um perigo tanto para a humanidade, como para o planeta. Precisamos de um novo sistema. Contudo, que novo sistema poderia ser esse? As respostas são complexas, ainda algumas ideias surjam como possíveis caminhos para um futuro mais sustentável.

 A Economia Circular (Reduzir, Reutilizar, Reciclar), diferente do modelo linear tradicional de “extrair, produzir, descartar”, visa fechar os ciclos de vida dos produtos, promovendo a reutilização, reparação, renovação e reciclagem. Este modelo não só reduz a pressão sobre os recursos naturais, como também diminui a quantidade de resíduos e de poluição. Implementar uma economia circular requer mudanças nos processos industriais e na mentalidade, tanto dos consumidores, como dos produtores.

Outra perspetiva é a da Economia Regenerativa (Reparar e Revitalizar). Esta propõe além da sustentabilidade, a reparação ativa e a revitalização dos ecossistemas. É um modelo que se inspira nos processos naturais onde os resíduos de um processo se tornam recursos para outro. Este conceito desafia a noção do crescimento económico infinito. Em vez de perseguir constantemente o aumento do PIB, propõe o foco no bem-estar humano e na sustentabilidade ecológica. Tal pode envolver trabalhar menos horas, reduzir o consumo desnecessário, e valorizar mais o tempo livre e as relações comunitárias.

A Economia do Bem Comum (Lucro com Propósito) sugere que as empresas e organizações devem proporcionar não apenas a maximização dos lucros, mas contribuir para o bem-estar da sociedade e do meio ambiente. Indicadores de sucesso neste modelo incluem impacto social e ambiental positivo, e não apenas retornos financeiros. As empresas que seguem este modelo são avaliadas com base em critérios como justiça social, sustentabilidade ecológica, democracia e transparência.

A crise atual exige mais do que soluções teóricas. Os modelos apresentados oferecem visões inspiradoras para um futuro onde a vida na Terra possa prosperar. Implementá-los requer coragem política, inovação e um compromisso coletivo para redefinir o que valorizamos enquanto sociedade.

Cada cidadão tem um papel crucial na adoção de práticas sustentáveis. Pequenas ações individuais, quando coletivizadas, podem levar a mudanças significativas, desde a escolha de produtos sustentáveis até ao apoio a políticas ecológicas, o envolvimento de todos é essencial. A sobrevivência do nosso planeta e das gerações futuras depende da nossa capacidade de redesenhar a economia para servir a vida.

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico

Fontes:

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Comments 4
  1. É necessário mais do que a consciência da situação. Enquanto não estiverem envolvidos todos os agentes, dificilmente se chegará a uma solução global e a verdade é que, o que acontece num país afeta todos os outros. Questão cada vez mais urgente. Parabéns pela crónica que faz refletir.

  2. Artigo de urgente leitura. Gostaríamos todos de chegar próximo de uma solução, mas enquanto a consciência «fugir» para outras prioridades, continuaremos distraídos e, sobretudo, desligados.
    Parabéns pela exposição do tema, Paula. É necessário ler, refletir e agir.

  3. É urgente que se faça tudo o que for possível para evitarmos catástrofes ambientais causadas pelo desleixo dos países e de nós.
    Elaboraste um alerta que nos convoca. Ainda que sejamos uma gota de água, cabe-nos colaborar ativamente.

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