Votar

Em 2021 vamos ter dois importantes momentos eleitorais, um em janeiro para escolher o próximo Presidente da República e mais para o outono as eleições autárquicas para escolher os órgãos de gestão local e municipal.

Sei que as taxas de abstenção têm vindo a crescer num desinteresse generalizado na politica, argumento tantas vezes repetido, para justificar a falta de participação cívica da sociedade portuguesa em praticamente todas as eleições que temos tido nos últimos anos. É verdade que a classe politica tem defeitos, como sempre teve, e a corrupção não é exclusiva dos tempos que vivemos mas talvez seja, atrevo-me a dizê-lo, uma ação característica da natureza humana e não exclusiva dos políticos. É resultado do poder, posição social ou profissional que determinadas situações atribuem a certas pessoas Não é correto que aconteça, nem deve acontecer mas irá ocorrer sempre em maior ou menor escala. É preferível viver ciente disto do que achar que se irá conseguir erradicá-la.

O serviço público deveria ser cumprido altruisticamente (sim, também uma ideia utópica) com um profundo sentido de missão e deveria ser bem remunerado, alguém tem de fazê-lo e a maioria das pessoas que critica a corrupção, os políticos e lhes aponta o dedo, não está para se dar a esse trabalho já que nem se dão ao dever de votar! “Não vale a pena votar” é o que se diz regularmente ou “vai ficar tudo na mesma” e obviamente ficará tudo na mesma se não usarmos os meios ao nosso dispor para essa mudança.

Ninguém nos obriga a votar. É um dever e não uma imposição. Também ninguém nos obriga a comer… não é uma imposição, é uma necessidade, o que faz cair por terra o argumento para não votar, justificado apenas por inércia e desresponsabilização perante o ato de votar.

“O direito de voto é um direito pessoal e constitui um dever cívico assente numa responsabilidade de cidadania, ao qual não se encontra ligada nenhuma sanção em caso de incumprimento.” (Segundo a Constituição Portuguesa).

A única “sanção” (em consciência) que nos poderá pesar por não votarmos é a de sabermos que outras pessoas antes de nós lutaram, debateram-se e muitas delas perderam a vida para que hoje se possa votar livremente. Não aconteceu do dia para noite, não foi uma milagre nem é um direito adquirido. A democracia é uma conquista diária que deve ser preservada e mantida com zelo, em Portugal ainda é uma jovem adulta e de um momento para o outro pode cair.

Por muito que não se concorde com os políticos ou partidos atualmente, se não nos envolvemos na luta politica e social, temos no voto a forma de demonstrar descontentamento. Como cidadãos é através do voto que expressamos a nossa opinião. Não votar é dar carta branca ao silêncio e desresponsabilizarmo-nos do nosso papel na construção de uma cidadania responsável. Não podemos exigir uma classe politica de acordo com aquilo que acreditamos se não cumprirmos a nossa parte, de resto, como em tudo na vida.

Vote!

Photo by Jennifer Griffin on Unsplash
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