Sénior. Palavra forte com um grito de imenso sufoco. Idade. Contagem de tempo. Vida. Experiência. Sénior. Sabedoria. Tempo de velhice. Avós. Tempo. Tempo. Tempo. Vida que pulsa.
Uma universidade sénior é uma espécie escolar bem diferente, uma nova maternidade, o renascer da vida, essa magana que prega partidas e que se envolve num manto diáfano de beleza. Que fazer ao tempo que agora tem um novo sabor?
Avós e avôs que deixaram os seus trabalhos e que abraçam netos com amor e olhos de uma nova chama. Troca de saberes, novas vidas e escola que convida. Tempo de qualidade e de fulgor. Quando os colos quentes e cheios de sabedoria, ficam livres e vazios, há que lhes dar ocupação.
Os netos já não precisam destes braços nem destes ombros tão deliciosos. Que se passa, então? Salta o receio da solidão, o medo que se deixe de ter préstimo, de ficar arquivado a um canto. A casa já não é o ninho, mas, sim, o monstro que muito assusta.
Esse tempo, ai, o tempo, já lá vai há muito. O tal de envelhecimento triste foi enterrado para dar lugar ao envelhecimento activo cheio de vigor e de alegria. Agora é a vez dos novos estudantes, dos seres ávidos de saber e de o ser.
As universidades seniores são casas de alegria e de convívio, lugares de risos e de cantares, o espaço de voltar a uma certa adolescência bem curiosa, mas agora nos anos dourados da vida. Quanto tempo resta? Quem sabe? O tempo, apenas o tempo….
Estes são os reinventados verdes anos em que se recomeça sem barreiras nem pressões. O tal de tempo que espere. Esse tem mais que tempo para se esgotar. A qualidade tem outro sabor, de doçura que se agiganta e que dança um tango especial. O baile ainda agora está a começar.
Há que aprender o que se desejava, aquilo que ficou à espera, concretizar sonhos antigos, ser novamente jovem com uma especial e peculiar maturidade, já deliciosamente consciente. Que importa não ter aprendido antes se agora o querer está bem mais disponível?
Verdes ou dourados anos, são os que restam até à meta final, essa incógnita que se deseja ser mais tarde possível. O tempo de ser activo, das responsabilidades incómodas ou até das agradáveis, ficou no passado e deixou de ser um pesado fardo.
O convívio é salutar, sair de casa é essencial, rir tem sabor de vida, aprender é a luz que brilha com som de querer e de viver. Tanto que ainda há para se fazer e aprender. Como é que certos e determinados assuntos não foram falados?
É agora o tempo certo, o momento que chama e clama, os braços que se apertam em peitos de fulgor juvenil tardio, ciências e artes que já se arrumam em memórias encantadas. É a luz que não para de brilhar.
É este o tempo de agora. O eu que se reinventa e ainda sabe como bem o saborear. São estas as casas de não sofrer, mas, sim, de aventuras que se querem cada vez mais afoitas. A alma fica apaziguada e o cérebro, esse maroto que não se cansa, deslumbrado.