A visibilidade que as redes sociais conferem à nossa opinião permite a nossa exposição de convicções, mas, quando confrontados com as outras ideias contrárias, ocorrem alguns choques de opinião. Antigamente, reservávamos mais as nossas crenças em matérias delicadas, apenas as pessoas mais próximas tinham a oportunidade de conhecer a nossa opinião.
Nunca ninguém se assume como sexista nem racista, ninguém o quererá ser, mas será esta a verdade?
É muito importante que desenvolvamos a nossa consciência crítica, que procuremos a verdade. Se todos tivéssemos a capacidade de perceber que a verdade é uma questão de correspondência entre as nossas crenças e a realidade, obteríamos uma maior tolerância à disseminação de ideias nos temas mais controversos, como este.
Com clareza, o que é a verdade? Acreditar apenas no que sentimos, no que vemos? Uma enfatização da evidência, mas, efetivamente, podemos duvidar de tudo, mesmo das sensações provenientes dos nossos próprios sentidos. Até porque, segundo o racionalismo, que contradiz o empirismo, tudo tem uma causa inteligível, mesmo que essa causa não possa ser demonstrada empiricamente, por exemplo, a origem do Universo.
Os comportamentos sexistas podem-se manifestar em ambos os sexos, não é exclusivo. Enquanto algumas mulheres se possam queixar de diferenças de oportunidades de emprego, ou iniquidade salarial, também há quem critique a falsa vitimização ou aproveitamento a seu favor no trabalho. Não é por acaso que as mulheres são chamadas do sexo forte, pois, em alguns casos, têm a capacidade de usar a sua aparência e alcançar vantagem num mundo que gira em torno do poder, dinheiro e sexo.
Há poucas centenas de anos, os negros eram escravizados, as mulheres, por exemplo, não podiam votar, eram ambos tratados como seres de segunda. Não está assim tão distante temporalmente. Esta dor inconsciente não esvanece instantaneamente. Foram alterações profundas na sociedade e exigem uma adaptação gradual até que exista uma aceitação global genuína. Existe ainda alguma desconfiança relativamente às vantagens dessas recentes conquistas, ou talvez a sociedade ainda não tenha absorvido na melhor forma de aceitar estes direitos legítimos.
Nesta era digital, temos fácil acesso a recursos que nos permitam reforçar um qualquer ideal. Por outro lado, também é de igual modo fácil, a acessibilidade a opiniões contrárias, muitas das vezes na mesma plataforma, como em blogs ou nas redes sociais. Este confronto de ideias agoniza diferenças e poderá levar a algum fanatismo na forma como defendemos essas ideias, na ânsia de querermos demonstrar a nossa verdade.
Aprendemos desde cedo a não fomentar a discriminação. As ditas minorias, que orgulhosamente ganharam o seu espaço na sociedade, mostram uma tendência normal em se fazerem notar. Por outro lado, nesta sociedade cada vez mais opinativa, furto da liberdade de expressão conquistada, a nossa opinião está mais exposta. É fácil ferir suscetibilidades, basta ter uma opinião que não se enquadre na mentalidade generalizada.
Como lidar com isto? Aceitar que somos eternamente responsáveis pelas críticas que fazemos, num determinado momento, e que temos de ser capazes também de compreender perspectivas contrárias, sabendo também que ninguém está imune em mudar de opinião. Quantos políticos ou pensadores já não o fizeram?