Quando a guerra rebentou, era presidente em França Raymond Poincaré. Nascido em Bar-deDuc, departamento de Meuse, a 20 de Agosto de 1860, filho de Nicolas Antoni Poincaré (1825-1911). Nos seus antepassados, contam-se pelo menos um deputado, ainda durante a Monarquia, bem como um professor universitário.
Raymond frequentou a Universidade de Paris, onde se formou em Direito, tendo no início da sua carreira exercido advocacia. Um dos seus casos mais célebres foi quando defendeu Júlio Verne (1828-1905) contra o químico Eugène Turpin (1848-1927), que acusou o romancista de se basear em si para um dos seus romances. Apesar de ser verdade, a defesa de Poincaré inocentou Júlio Verne.
Entrou para a política, através do seu colega e conterrâneo Jules Develle (1845-1919). Quando este foi nomeado Ministro da Agricultura, nomeou Poincaré seu chefe de gabinete, em 1886. Em seguida, foi eleito Conselheiro geral do cantão de Pierrefitte e, no ano seguinte, deputado pelo departamento de Meuse, adquirindo uma fama de republicano moderado, laico, embora não anticlerical, e conciliador. Esse concílio procurou-o também entre a sua carreira como advogado e como político. Foi ministro da instrução pública em 1893, das Finanças em 1894 e novamente da instrução pública em 1895. No início do século XX, aposta na carreira como Senador, desempenhando este cargo entre 1903 e 1913 pelo departamento de Meuse.
Um ano após a sua eleição, casa civilmente com Henriette Adeline Benucci (1858-1943), senhora de origens humildes, educada num convento, divorciada de um irlandês e viúva de um francês. O casamento religioso dar-se-ia apenas anos depois, após a eleição de Poincaré como presidente e da notícia da morte do primeiro marido de Henriette. Deste casamento, não houve filhos, levando a que os sobrinhos da noiva fossem adoptados como filhos do casal.
Em Janeiro de 1912, foi nomeado presidente do Conselho, tendo formado um governo de republicanos moderados. Nesta posição, procura seguir uma política anti-germânica, restaurando antigos laços com a Rússia e publicando a Loi des trois ans, lei segundo a qual o serviço militar era aumentado de dois para três anos, de modo a preparar a armada francesa para uma eventual guerra contra a Alemanha. Estas duas razões seriam apontadas por alguns historiadores como tendo sido um dos principais responsáveis pela guerra, juntamente com Nicolau II, por terem procurado enfraquecer o poder alemão no equilíbrio de forças europeu.
O fim do mandato do presidente Arman Falliéres (1841-1931) leva-o à corrida presidencial, que acaba por vencer. O seu mandato foi caracterizado pela entrada da França na Primeira Guerra Mundial. Poucas semanas após o assassinato de Sarajevo, Poincaré viaja oficialmente até à Rússia, para fortalecer a aliança entre os dois países e a 4 de Agosto declara que a França será defendida pelos seus cidadãos contra os seus opositores. Nesse sentido, não raras vezes visita a frente de batalha, de forma a avaliar o moral das tropas e das populações atingidas. Simultaneamente, a sua mulher envolve-se em muitas obras de acção caritativa e de elevação da moral das tropas e famílias dos mobilizados. Instala no Palácio presidencial ateliers para confecção e distribuição de roupa, presentes e doces. Faz parte igualmente das madrinhas de guerra e acompanha o marido nas visitas pelas zonas afectadas pela guerra, ostentando o traje regional da mesma.
A ascenção ao lugar de Presidente do Conselho do socialista radical Georges Clemenceau (1841-1929), em 1917, acaba por o ofuscar. Após o fim da guerra, é de opinião que o Armistício ocorreu demasiado depressa e que a França deveria ter penetrado mais em território alemão.
Após o fim do mandato, em 1920, Poincaré acabaria por não abandonar a política. Dois anos depois, regressa como Presidente do Conselho, entre 1922-1924, 1926-1928 e 1928-1929, que acumula com outros ministérios (negócios estrangeiros e finanças), para além do cargo de Senador do departamento da Meuse. Procurou, durante esta fase da sua vida, bater-se para que a Alemanha pagasse as reparações de guerra, que não conseguiu fazer com que ocorresse. Este seu rigor pelo estabelecido nos tratados de Paz tornou-o um pouco impopular.
Doente e demissionário, retira-se da vida pública em 1929, morrendo cinco anos depois.
A História nas Estrelas
Raymond Poincaré não é, sem dúvida, uma das figuras mais visíveis da Primeira Guerra, embora fosse possuidor de uma personalidade muito forte e intensa, ou não tivesse uma fortíssima energia de Leão. O seu Ascendente, Capricórnio, confere-lhe uma força de arranque e persistência que lhe permite suportar as mais intensas adversidades. Foi esta combinação da força resistente de Leão, com a capacidade de motivação mesmo nos momentos mais difíceis de Capricórnio, que lhe permitiu aguentar as tormentas da guerra e manter-se focado na resolução da guerra.
Com um Saturno em Leão, regente do Ascendente, conjunto ao seu Sol, Raymond Poincaré foi, certamente, uma personalidade de pulso forte e determinado, por vezes um pouco fechado na sua visão do mundo e de si mesmo, obstinado e de emoções fechadas, embora sinceras, algo muito reflectido pela oposição entre Marte, em Capricórnio, duro e bem posicionado, e a Vénus em Caranguejo, emocional e intensa. Esta dualidade profunda era acentuada por um aspecto à Lua, em Balança, que exigia que ele olhasse bem para o que acreditava ser o melhor para si e para os outros. Muito graças a esta combinação é que Raymond Poincaré, apesar de tudo, se manteve ligado aos destinos de França, durante tantos anos, quer como Primeiro-Ministro, quer como Presidente.
Certo é que, com tantos planetas na Casa 7, Raymond Poincaré foi, sem dúvida, um homem ligado ao bem-estar dos outros com quem convivia, sempre se colocando ao lado dos que dele necessitavam. Veja-se a forma de participação e da mulher na sociedade durante a guerra.
Quando a Guerra se inicia, Saturno e Plutão transitavam pela sua Casa 6, o que fez com que Raymond sentisse um forte apelo para se colocar ao serviço na defesa do seu país e do território. A visão positiva que o povo francês tinha do seu presidente ajudou-o na motivação das tropas e das populações no envolvimento directo com todos os esforços durante a guerra.
Contudo, a sua personalidade obstinada e uma constante sensação de não conseguir fazer mais, muito graças a um Plutão em oposição ao Meio do Céu, que lhe deu sempre a sensação de poder ter feito mais, fizeram com que, no pós-guerra, mantivesse uma postura de conflito, o que o fez cair em popularidade e retirá-lo da vida política.
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