O futurista Australiano Ross Dawson fez um estudo em que, levando em conta diversos fatores como a crescente digitalização e centralização do acesso à informação no telemóvel, PC e tablets(?) e com os seus custos a aumentarem, prevê a extinção dos jornais.
Desde a década de 60 que autores como o filósofo canadiano, Marshall McLuhan, ou mais tarde o cientista tecnofílio, Nicolas Negroponte, prevêem aquilo que é já hoje uma realidade, da convergência da informação para a digitalização e para meios de acesso, mais ágeis e contextuais. No meio disto, muitos antecipam a morte definitiva do formato em papel, mas se é verdade que tudo é já digital e que o negócio da informação sofreu uma profunda transformação, o velho papel segue mostrando uma forte resiliência.
A informação é um pilar da democracia e seria impensável ter uma sem ter a outra, portanto sempre me pareceram exagerados estas previsões distópicas. É relativamente simples de perceber que se teriam de adaptar e foi o que fizeram, mesmo tendo ‘temporariamente perdido seu principal recurso de financiamento, a publicidade.
Com a transição para o digital, puderam alargar a sua oferta tornando-a muito mais rica e apetecível, com o essencial fact checking antes impossível ou muito difícil, a crescer de importância e a ser facilitado, com lives e updates, com rádios proprietárias que divulgam todo o tipo de conteúdos que produzem, 24h por dia, 365 dias por ano, fazem parcerias e dão apoios a dinâmicas relevantes para a sociedade, entraram no negócio das análises da enorme quantidade de dados que acumulam dia após dias, passaram a abordar com mais seriedade temas que vão para além das notícias, como os guias e sugestões de lazer, e ainda por cima, recuperam algum do financiamento feito através de publicidade, através da comercialização de novos formatos como por exemplo, a publicidade nativa.
Quanto às edições em papel, creio que enquanto existir público para elas, continuarão também a existir, claro que com medidas mais controladas para ser necessária menos matéria-prima e menos desperdício, por exemplo o modelo de subscrição será uma solução para isso. E se muitos falam na questão da sustentabilidade, a verdade é que as questões energéticas e de matérias-primas necessárias para alimentar a necessidade crescente de parques de servidores se tornou muito mais preocupante nas soluções digitais que no papel.
Os jornais não só não morreram como se tornaram melhores e quanto ao formato papel poderia compará-los ao caso dos livros, por muito que mudem as dinâmicas de interação e de conteúdos, o objeto que lhes deu origem persiste, e com as possibilidades tecnológicas que ainda estamos para ver, sabemos lá se em breve não teremos papel inteligente?