Tuta-e-meia pela vida

Quanto vale uma vida? Neste momento? Assim de caras, a mim parece-me que NADA.

É algo em que não deixo de pensar: Quanto vale uma vida? Quanto vale uma vida perante um agressor? Perante a vontade de se impor? Perante a prepotência do querer estar sempre certo e ter razão? Perante uma doença? Ou até mesmo às portas de uma calamidade?

Reflicto sobre isto já há algum tem, pois parece que as pessoas simplesmente não querem saber – uns porque não lhes afecta directamente outros porque preferem ignorar o problema – mas este fim-de-semana colocou a “maldita” cereja no topo do bolo: a morte afectou-me de muito perto. Sei que, todos os dias, quer queiramos ou não, descobrimos uma nova vítima seja da guerra ou de um cônjuge mentalmente desequilibrado, de um progenitor que falhou redondamente no seu papel, de um acidente ou até mesmo de uma doença súbita numa idade que não era “suposto” mas… continuo a não ver mudanças práticas. Continuamos enrolados no mais do mesmo e por isso continuo a insistir: alguém reflecte sobre o real valor de uma vida?

Até onde nos questionamos sobre:

Até que ponto a nossa vida e a do outro é importante para nós? 

E se amanhã perdermos a nossa vida, fomos felizes? Contribuímos para melhorar o mundo?

Se amanhã, aqueles que amo e com quem briguei perderam a vida, vamos pensar que as discussões valeram a pena?

Os conflitos triviais e ridículos, a necessidade de dominar o outro e o querer coisas continuam a ser a ementa do dia, continuam a controlar as mentes. É chocante para mim, faz-me um pouco de confusão de como chegamos até aqui, pois, o expectável – do meu ponto de vista – para qualquer condição é a evolução, mas a realidade é que estamos a seguir na direcção oposta. A maioria não olha para a vida como o PRESENTE que é. Em vez disso, briga-se por tudo, não se fazem cedências por nada. Críticas são bombardeadas constantemente sem a preocupação de como se pode afectar, de forma muito negativa, a vida do outro. Perde-se tempo em discussões que só mostra o pior de nós. Repetem-se padrões infinitamente mesmo sabendo que não vão dar a lado nenhum. Para quê? Com que sentido?

Somos milagres andantes, consequência de gestações que podiam carregar milhares de problemas e mesmo assim – AINDA ASSIM – não parece suficiente para progenitores protegerem os seus filhos, para o governo não proteger os seus eleitores, não é suficiente para nos protegermos uns aos outros. Em que mundo faz sentido um marido que agrediu a mulher fica livre, fica disponível, à espera para atacar novamente enquanto há pessoas a serem detidas porque defendem as suas crenças ou porque entram à socapa nas salas de exames?

O que raio é isto? O que andamos nós, HUMANIDADE, a fazer? Porque morrem os bons e os maus continuam aí? Será que vão aprender alguma coisa no tempo que lhes resta? Ou vão matar quem quer viver? Que andam as pessoas a fazer em todo o planeta? A sobreviver? Ou a viver?

Sempre acreditei que a liberdade de cada um acaba quando a do outro começa e isso não significa que deixamos de ser livres, significa que não podemos roubar a liberdade ao outro. Mas o ser humano levou isto a outro nível, em nome da liberdade declaram-se guerras, criam-se conflitos, mata-se alguém e ofende-se os outros. Em cada vida ceifada na guerra impingida por quem não tem nada a perder, em cada criança perdida por vontade dos pais, em cada mulher agredida, morta e ferida extingue-se um corpo, anula-se uma vida. E é revoltante assistir a isto porque as coisas não melhoram, não mudam, não se transformam.  Não temos aprendido nada com a História, a Humanidade ainda não percebeu que cada ser que nasce não tem preço, tem valor e que por isso é uma dádiva.

Fica difícil ser positiva quando se vê tanta coisa a acontecer, tantas vidas a fugir, tanta destruição e a sensação que tenho é que ainda estamos no início do fim, a escória continua por aí, a prejudicar, a se impor, a exigir o que não é seu.. Quero muito acreditar que tudo tem uma razão para existir, mas neste momento, parece que o mundo está na esquina de um precipício. O planeta está a ser dizimado, é incrível como há várias formas de destruição. Estamos quase lá, a repetir a História, a ficar mais pequenos, qualquer dia somos animais em extinção. É horrível, sem sentido, sem nenhuma reflexão.

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