Texting – na Geração Z. Tipo, ya

A Geração Z, assim denominada para quem nasceu entre 1992 a 2010, está inevitavelmente condenada ao uso (e abuso) do texting, é prontamente associada aos adolescentes que estão permanentemente ligados à Internet. De facto, estes jovens nativos digitais, estão constantemente a trocar mensagens entre eles, dá-lhes a sensação de que estão constantemente acompanhados, mas será que este hábito não os isola do mundo? Poderá ser esta a geração mais solitária da história? Uma espécie da já falada solidão acompanhada?

Estarão os smartphones a aniquilar esta geração à nascença? Quais são os reais malefícios desta dependência?

Inevitavelmente, existe uma maior probabilidade dos nossos jovens, ganharem calos e cãibras nos polegares, quem sabe tendinites, descoordenação motora e tropeços em obstáculos, desenvolverem um pescoço amarrecado, devido à postura curvada, ou sofrerem problemas de visão. Não esquecendo também, as mutilações ao português inerente a esta nova forma de comunicação, num novo idioma composto por acrónimos. Autênticos pontapés no Camões!

Serão seres disfuncionais sem o uso do smartphone? Tal como cyborgs, o telefone parece fazer parte anatómica do seu corpo, dia e noite, perturbando-lhes o sono, reagem com desespero quando não sabem do telefone, torna-os alheios à realidade e pouco aproveitam o ambiente são da natureza.

Mas será a Geração Z, efetivamente a mais afetada?

Em teoria, aqueles com mais dificuldade em se adaptar, são os da geração Y (os Millennials ou geração da internet, nascidos entre 1980-1991), pois não acompanharam todo o processo desde o zero até à comunicação atual, como foi o caso da geração X, que acompanhou toda esta evolução da comunicação na era digital desde o início, isso obrigou-os a evoluir, mas tornou-os um pouco nostálgicos e pessimistas. A geração Z, pelo facto de já terem nascido na era digital, estão nativamente adaptados, são jovens conscientes e sóbrios, sabem movimentar-se na tecnologia e separar o mundo real do virtual, ao contrário dos mais confusos, da geração Y.

As preocupações com os adolescentes de hoje, são exageradas ou diferentes das do passado?

Indubitavelmente, que qualquer geração teve e tem adolescentes extraordinários, capazes de produzir coisas surpreendentes e incríveis! Esta geração não é diferente. Para medir se a Geração Z está no bom caminho, ou não, é importante analisar os muitos estudos disponíveis online, assim como estatísticas demográficas sociais.

Todos os estudos sugerem que o uso excessivo de smartphones contribui para a diminuição do bem-estar, ora, se nos focarmos apenas nesse indicador, o bem-estar da geração Z está em queda, comparando com os dos adolescentes de décadas anteriores. Todavia, comparando com gerações anteriores, a geração Z tem taxas de crime inferiores, melhor índice de aproveitamento académico e menos casos de gravidez na adolescência.

O índice de felicidade dos jovens seria uma métrica útil para melhor chegar a uma conclusão, mas o conceito de felicidade é algo discutível, pois todas as nossas ações e tudo o que nos rodeia, influencia o nosso bem-estar e consequentemente o nosso humor, não se conseguiria isolar o uso do texting de tudo o resto. Uma coisa é garantida, não existe nenhuma catástrofe social, onde se veja estes jovens estarem a cair para situações de depressão ou ansiedade absurdas, ou pelo menos, mais do que no passado. Estatisticamente, comparativamente com as gerações anteriores, nunca os jovens fumaram tão pouco e fizeram tanto desporto!

Posto isto, devemo-nos preocupar com a Geração Z?

O uso exacerbado desta tecnologia, preocupam os pais, mas talvez estes pânicos morais se revelem injustificados. Os adolescentes de hoje, são mais inteligentes e equilibrados do que pensamos, independentemente de não terem conhecido o mundo antes deste modo de comunicação, eles mostram-se surpreendentemente sóbrios e flexíveis, apesar todos os malefícios que este mecanismo de comunicação traz.

É provável que os prós e contras do uso deste novo modo de comunicação, basicamente se anulem uns aos outros. A sua usabilidade não é exclusivamente para fins sociais, mas também para fins académicos, a possibilidade de por exemplo estarem num grupo da sua turma no Whataspp, possibilitando o broadcast de informações globais úteis, em tempo real, incluindo fotos ou outros anexos, é uma grande vantagem e isso tem feito abandonar a conversação por via de chamada.

Conseguiriam eles sobreviver sem a constante comunicação por mensagens de texto? Sim. Não estamos a falar de oxigénio, mas ficam negativamente reativos se confrontados com esta dependência e poderiam sentir-se à margem dos seus pares. Caso se verifique um grau de utilização desapropriado ou exagerado, é necessário intervir e levá-los a atingir um grau de moderação no seu uso. Estudos sugerem, que o uso equilibrado do smartphone pode melhorar o bem-estar, aproveitando os reais benefícios e minimizando os negativos.

É sensato concluir que é escusado questionar, o melhor timing para dar um telefone aos nossos filhos, não há como sobreviver sem a sua utilização, é inevitável e terá de ser vista como natural nos dias de hoje. Quem tem filhos nesta geração, está ciente que esta é a comunicação preferencial. Ainda ontem, pelo Messenger, pedi ao meu filho para arrumar o quarto e enviei um zap à minha filha para descer para jantar. Ya. Foi tipo… eficaz!

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