Até à estreia de Star Wars Episódio VII: O Despertar da Força, o Repórter Sombra dá-te a (re)descobrir a força que há em ti, através de uma viagem galáctica pelos filmes anteriores.
O combate entre os rebeldes e o Império reacendeu. Mesmo que a Estrela da Morte tenha sido destruída e que as forças rebeldes se tenham instalado numa base secreta situada no planeta gelado de Hoth, as tropas imperiais continuam a perseguir qualquer um que se detenha no seu caminho. Com técnicas sofisticadas, Darth Vader envia inúmeras sondas remotas para os pontos mais longínquos do espaço. E assim começa Star Wars Episódio V: O Império Contra-Ataca…
Mais adulto, porque mais denso e profundo que o primeiro filme, este Império Contra-Ataca explora intensamente o carácter das suas personagens, comprovando o quanto o sistema cinematográfico que premeia a concepção de sequelas poderia seguir outro rumo. Mesmo que não tão original que o anterior, uma vez que os actores estavam já familiarizados com a metodologia e nós espectadores com os seus nomes, O Império Contra-Ataca perpassava ainda assim o mito americano da conquista espacial. Prova disso é o ser sinónimo de um western – logo de início o protagonista está montado num animal, como se um cavalo se tratasse, clarividente também na sequência de guerra, com influências do filme Cavalgada Heróica (1939), de John Ford.
Num novo planeta longe de Han Solo, Chewbacca, Princesa Leia ou C-3PO, Skywalker conhece o sábio Mestre Yoda (voz de Frank Oz), que treinou Obi-Wan Kenobi e o ensina a ser um verdadeiro Jedi. Todavia, Yoda teme que o jovem não seja ainda o herói que todos estão à espera, porque tem sobre ele uma força maligna. Luke lida então com os seus temores, com o facto do seu inconsciente ser atormentado por um Darth Vader que, surpreendentemente é ele próprio.
Uma vantagem sobre este filme foi George Lucas abdicar da cadeira de realizador, e tê-la entregue a Irvin Kershner (1923–2010). Lucas, apesar de valer a sua presença na produção e na história do filme, porque jamais o projecto é de outra pessoa senão dele, oferece o comando a outro cineasta, garante do facto da saga pretender diferentes e refrescantes enquadramentos, que tanto aqui como no futuro propõe. Os efeitos especiais também conseguem ser mais e melhores, muito pelo trabalho de fotografia de Peter Suschitzky, que trabalha bem as cores dos diferentes espaços. Como não poderia deixar de ser, o duelo entre Luke Skywalker e Darth Vader torna-se a cena mais inteligente desta lógica, não apenas pelas cores divergentes dos seus sabres de luz ou pelo confronto de Bem (cujos indivíduos estão sempre de branco) e Mal (cujos indivíduos estão sempre de negro), mas também pela capacidade de respirar cinema.
Titulada de cena da revelação, opõe um velho e obsoleto cinema a uma geração mais jovem. Persiste assim a ideia de reflexo da obra dentro da própria obra, com um sistema opressor a recusar qualquer entendimento em busca da paz. O progresso técnico-cientifico que pretende espelha-se no carácter um quanto inocente de Luke. Toda a recusa em se juntar ao mal é o mesmo que não se deixar enganar pelo artificialismo da indústria dominada, também ela com uma máscara idêntica à de Vader. Para complementar cria esse contexto no laço sanguíneo de pai e filho, porque o novo não pode existir sem o velho. O vazio que é dado na sequência final quando Vader lhe corta o braço, testemunha o mesmo sentido num teatro, dando espaço à actuação dos actores. Aliás, o gesto da mão de Vader para salvar Luke expõe o drama narrativo que a arte em palco testemunha. O melhor mesmo é ler o diálogo, um dos melhores da história do cinema.
Vader: There is no escape. Don’t make me destroy you, Luke you do not yet realize your importance. You have only begun to discover your power. Join me and I will complete your training. With our combined strength, we can end this destructive conflict and bring order to the galaxy.
Luke: I’ll never join you!
Vader: If only you knew the power of the Dark Side. Obi-Wan never told you what happened to your father…
Luke: He told me enough! He told me me you killed him.
Vader: No. I am your father.
Os derradeiros momentos mostram como Luke, Leia, C-3PO e R2-D2 a contemplar a infinita galáxia e percebemos que com eles a viagem ao impossível está ganha. Tornar o impossível possível seria a árdua tarefa de todos os filmes vindouros.
Ficha técnica
Ano de Estreia: 1980/ Título português: Star Wars Episódio V – O Império Contra-Ataca/ Título original: Star Wars: Episode V – The Empire Strikes Back/ Realizador: Irvin Kershner/ Argumento: Leigh Brackett & Lawrence Kasdan/ Elenco: Mark Hamill, Harrison Ford, Carrie Fisher, Billy Dee Williams, Anthony Daniels, Kenny Baker, Peter Mayhew, David Prowse e Alec Guiness/ Música: John Williams/ Duração: 121 minutos