
Vivemos num mundo em que somos diariamente rotulados. As pessoas classificam-nos. Tomam decisões por nós. Escolhem o que devemos vestir e comer, as nossas companhias, os nossos gostos e passatempos.
Julgam que podem colocar-nos dentro de caixotes.
Tu és uma menina tímida e recatada. Tu és um rapaz inteligente e divertido. Tu vais estudar para médica. Tu vais ser um excelente arquiteto.
Fazem e desfazem. Acreditam que é melhor assim.
Se formos marionetas manobradas a seu bel-prazer, que estragos poderemos causar? Se formos assim, não erramos, não dizemos palavras impróprias, não choramos por leviandades, forçamos sorrisos para agradar e mantemos todos os outros felizes. O mundo prossegue em perfeita harmonia para as pessoas que julgam deter todos os conhecimentos de como isto deveria funcionar.
As pessoas decidem que somos isto e aquilo, porque temem o que poderíamos ser se tivéssemos oportunidade de erguer a voz, mostrar ao mundo a nossa garra e abraçar com paixão as nossas ambições.
Até nós, por vezes, sentimos medo do que poderíamos ser. Porque a mudança assusta. O desconhecido assusta e é imprevisível. E tudo o que é imprevisível aperta-nos o peito como um nó de marinheiro, faz-nos duvidar, desesperar, hesitar.
Sejamos aquilo que queremos ser. Aquilo para o que fomos feitos. O que nos motiva.
Sejamos o que nos apaixona. O que nos provoca borboletas na barriga.
Sejamos nós, sem medos interiores ou rótulos alheios. Ser. É tudo o que é preciso.
Ter coragem suficiente para assumirmos que não gostamos do que nos impõem e queremos ser muito mais.
Ser. Apenas.