É costume ouvir-se, no quotidiano, falar em viajar, especialmente, em termos de lazer. Também em viagens de sonho: há quem fale em Paris, há quem fale em Londres, há quem fale em Veneza, há quem fale em Nova Iorque, entre muitos outros sítios. Na verdade, porque existe este ímpeto de querer sair do país de origem, de residência para conhecer outros?
Filipe Morato Gomes é autor de um blog dedicado exclusivamente a esta temática. Intitulando-se como “uma espécie de viajante profissional”, conta já com “duas voltas ao mundo” mais “dezenas de viagens independentes”. Dirigindo-se aos seus visitantes de forma coloquial, o seu objectivo passa por ajudar e motivar pessoas a viajar e, cite-se, “descobrir os encantos do planeta”. Este ano, o domínio fmgomes.com recebeu a nomeação do ‘Blogger Travel Awards BTL’, na categoria de ‘Vencedor Blogue Viagens Profissional’.
Do mesmo sítio cibernético, atente-se no mais recente post:
“Visitar o Canal do Panamá faz parte da maioria das viagens à capital panamenha. Felizmente, não é necessário usar os serviços privados que fazem tours ao canal, uma vez que, para o viajante independente, a viagem em transportes públicos é de dificuldade reduzida e a experiência é seguramente mais enriquecedora.“
O autor incita não só a viajar com vista à descoberta como incita ao viajante a auto-descobrir-se. Leiam-se mais umas palavras, desta vez, de um post, publicado no passado dia 5 de Julho, sobre o hotel ‘L’Iglesia’, em El Jadida, por terras marroquinas:
“Não faço ideia que sentimento se apoderará dos hóspedes ao dormirem, comerem ou sentarem-se nos sofás da nave central da antiga igreja transformada em lobby e bar – até porque não fiquei hospedado em El Jadida -, mas o Hotel L’Iglesia pareceu-me aliar a simplicidade conventual à elegância rústica de um hotel de charme, e isso deixou-me curioso.“
Num ciclo de crónicas para o Diário de Notícias, que republica no seu domínio, Filipe trata de mostrar um pouco daquilo que significa viajar. Na quarta crónica, designada ‘É preciso coragem’, o cronista entende existir um certo preconceito com a ida a locais como o Irão, cuja ideia transmitida pelos media é, geralmente, negativa. No entanto, com a descoberta, por exemplo, do mesmo país apela à experiência e ao conhecer o que se desconhece:
“Esses” é uma palavra estranha. Alberga tudo e nada ao mesmo tempo. Define o desconhecido. E o desconhecido amedronta quem não tem por hábito viajar. Ora, é precisamente para conhecer o que não conheço que eu viajo. Para encontrar paisagens diferentes, pessoas, tribos, tradições, arquitecturas, sons e sabores novos, experiências irrepetíveis. Experiências! – é apenas disso que se trata.“
Além dessa, republica a quinta crónica, nomeada de ‘A viagem como escola da vida’, onde destaca o caso da sua filha, de cinco anos, na época, que participou numa volta ao mundo, “em família”. Aí, destaca as experiências únicas infantis, como “ver a «casa de Rapunzel» numa torre de telecomunicações”, as aprendizagens idiomáticas, as relações amistosas com outras crianças de vários pontos do planeta, o gosto por museus, o espírito da exploração, a atribuição de valor à simplicidade das coisas e, até mesmo, a valorização do esforço laboral. Acrescenta, ainda, que tanto a menina cresceu “muito” como a família se superou a ela mesma, realçando as repercussões futuras.
Com isto, tentou-se demonstrar porque existe a necessidade de se sair do seu país de origem, de residência para conhecer outros. Basicamente, aventurar-se ao mundo e entregarmos o nosso ser a outros territórios revela-se uma experiência que nos enriquece. Faz com que cresçamos. Sentimos novas realidades, dinamizamos a nossa mente e seguimos em frente com novos horizontes. Em suma, preparamo-nos melhor para a vida e a vida prepara-se melhor para nós.