Fotografia. Uma fotografia vale mais que mil palavras. Um conjunto de fotografias, que retrata a metamorfose da cidade onde crescemos e vivemos, perpetuará na nossa memória.
Para comemorar o 40º Aniversário da cidade da Amadora, a Câmara Municipal, convidou o fotógrafo Alfredo Cunha, conceituado fotojornalista, a retornar ao ponto de partida da sua carreira e voltar a fotografar a cidade onde viveu nos anos 70.
Com a sua objectiva, o fotógrafo percorreu os mesmos sítios onde há 46 anos tinha captado imagens do dia-a-dia sombrio dos amadorenses. O objectivo desta nova visita fotográfica ao quotidiano da cidade, era simbolizar a evolução social da população, mas uma pandemia trocou-lhe as voltas.
Alfredo Cunha, começou por fotografar uma cidade alegre, solidária e com o futuro no horizonte, mas em Março essa cidade desapareceu, dando lugar a uma cidade fantasma, paralisada no tempo.
O projecto tinha sido precocemente alterado na sua génese. No entanto, como bom fotojornalista que é, Cunha retratou igualmente a cidade pandémica que vislumbrou á sua frente.
Graças à excelência das fotografias obtidas com a sua lente, nasceu um livro e uma exposição, com o mesmo nome “A Cidade que não existia”, que mostra uma Amadora antiga, uma Amadora recente e uma cidade de máscara, devastada por uma doença.
A Exposição está patente até 10 de Janeiro de 2021 na Galeria Municipal Artur Bual – Casa Aprígio Gomes, na Amadora.
Ao contemplarmos esta montra fotográfica, abre-se uma janela onde observamos aquele passado do qual já ninguém fala, que se esfumou na memória, mas que tão doloroso foi para as nossas gentes.
Podemos confrontá-lo com o presente recente e comprovar a transformação proporcionada pela democracia e a sua importância no crescimento da sociedade portuguesa, mas o presente actual pregou-nos uma partida, perante uma pandemia que nos faz reflectir no futuro incógnito que se avizinha pela frente.
“A Cidade que não existia” de Alfredo Cunha, é um repositório da metamorfose da cidade da Amadora. Sintetiza numa cidade, um País e as suas gentes. Visitar esta exposição, aviva a memória dos mais antigos e dá a conhecer aos mais jovens uma cidade que desconheciam.
Nessa visita, ficou-me na retina, além da retrospectiva da cidade onde sempre vivi, e presenciei in loco a transformação social da Amadora, uma foto e um depoimento feito pelo jornalista Luís Pedro Nunes.
“Viu ruas sem gente, caras tapadas por máscaras e sem expressão, aquele momento em que se está a cair no abismo e ainda não se sabe como vai ser o impacto. Há aqui uma moral que me escapa. Que descobriremos mais tarde. Aquele coveiro de máscara mandou-nos esperar.”
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Luís Pedro Nunes-Jornalista, in A Cidade que não existia
Aconselho vivamente a visitarem esta exposição ou adquirirem o livro A Cidade que não existia. Um momento de história não só de uma cidade, mas de um país. Um valioso documentário fotográfico, que devia fazer parte obrigatória das visitas de estudo das escolas da área metropolitana de Lisboa, mas em tempo de pandemia, isso não será possível, mas poderão igualmente visionalizá-lo num vídeo no Youtube na página do artista.