A crise podia ser a oportunidade para Portugal optar por políticas de desenvolvimento sustentável, referiu há um ano Francisco Ferreira. “Temos de conseguir conjugar austeridade com políticas ambientais”, mas será o ecossistema somente uma oportunidade, ou é realmente uma necessidade?
O governo português actualmente diz não conseguir conciliar políticas ambientais com a austeridade e continua a destruir o ecossistema. Francisco Ferreira explica que o país consome os recursos que tem e não tem, apontando a sua elevada pegada ecológica e os desperdícios de energia realizados.
Hoje assistimos a um Portugal que prevê para a economia portuguesa uma queda de 2,3%, com uma queda nas importações, com o aumento do desemprego, com a diminuição do salário mínimo, assistimos a um país que tira de cena o ambiente. “Em Junho, milhares de ativistas, dirigentes políticos e empresários juntaram-se no Rio de Janeiro para a terceira e maior Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), cujo tema se centrou na economia verde. Nesta conferência, foram apresentados novos argumentos sobre os empregos ‘verdes’, crescimento, aumento e redução de custos, mudanças de valores, a escolha dos consumidores resultantes de uma maior consciencialização para a ecologia”, refere o Jornal de Negócios. Nesta linha de pensamento, poderia haver uma alternativa verde para a austeridade portuguesa?
Relatórios sobre o crescimento ecológico mostram esta via como uma hipótese de recuperação da Crise que atravessamos. “A ecologização oferece uma alternativa realista à vacilante abordagem da austeridade, para superar a actual crise económica.” (Jornal de Negócios, 1 de Agosto de 2012). A Economia Verde pode envolver a economia, o tecido empresarial e a procura de soluções a questões como o emprego. Assim sendo, alguns discursos argumentam que a economia verde é uma solução. Porém, em que consiste este temo “economia verde”? Consiste em toda a actividade, ou iniciativa que gera valor através de práticas sustentáveis, inclusão social e responsabilidade ambiental, segundo o Censo da Economia Verde.
O Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) certifica que recuperar florestas, lagos e outros tipos de reservas naturais que estão danificadas pode gerar riqueza, criar empregos e tornar-se um meio de atenuar a pobreza. A Organização Internacional do Trabalho apresenta uma estimativa de criação de 15 a 60 milhões de empregos nos próximos 20 anos, com a transição para uma economia mais verde. Já o relatório Dead Planet, Living Planet: Biodiversity and Ecosystem Restoration for Sustainable Development salienta que muitos investimentos ambientais em recursos da natureza degradados podem gerar retornos substanciais e múltiplos.
No entanto, precisamos de ter em conta que apesar das tentativas para investir no ambiente, essencialmente nas energias verdes, os incentivos fiscais foram os primeiros a cair aquando da contenção do orçamento. “A causa ambientalista, da sustentabilidade, ou economia verde não encontra assento nem à direita, nem à esquerda porque, é um tema embaraçoso e desconfortante para ambos os lados do plenário político ideológico. Para a direita, é uma ameaça afetando as estratégias de custo conquistadas a duras penas e justificam, até com alguma razão, que os consumidores não pagam a conta, pois querem sempre preços mais baixos. Para a esquerda, reduzir áreas de plantio, eliminar indústrias poluidoras, pescas predatórias, construções de hidroelétricas em áreas de florestas nativas, é reduzir as possibilidades de crescimento económico, impedindo que a população excluída possa ter acesso à mobilidade social”, afirma Guilherme Rossiny.
“Estamos convencidos que a ecologia política está destinada a ter uma influência durável sobre a humanidade de amanhã.” (Red de Ecología Social) Será esta influência o futuro da economia portuguesa? Trará o ecossistema o fim da Troika?