Viajamos para nos libertarmos do stress do dia-a-dia, da rotina, dos horários de trabalho que nos deixam completamente exaustos, dos trajetos sempre iguais. Viajamos para nos libertarmos, está aí a questão essencial.
Quando decidimos viajar, independentemente do tempo que vamos demorar nessa viagem e do lugar para onde vamos, estamos a decidir, de forma subentendida, que queremos sair da rotina e fugir um pouco de tudo o que nos faz ser quem somos. Uma grande parte daquilo que somos é definida pela nossa rotina, pelo trabalho, pela escola, pelo sítio onde vivemos e pelas pessoas com as quais nos cruzamos todos os dias, num ciclo vicioso que parece não ter fim. A outra parte de nós define-se pela capacidade que temos de sairmos desse ciclo vicioso e, durante aquele determinado tempo, podermos ser quem quisermos ser, longe dos encargos e das rotinas do dia-a-dia.
Gostamos de viajar, porque somos seres curiosos por natureza e, portanto, gostamos de descobrir novos lugares. Viajamos, sobretudo, para podermos mudar de ares, deixando para trás, por momentos, aquilo que tanto nos prende ao chão e nos impede, tantas vezes, de voar mais alto.
O mais curioso é que para viajar nem sequer precisamos de sair do lugar. É óbvio que viajar para outros lugares é sempre o cenário ideal, mas todos nós, à falta de melhor, viajamos, todos os dias, ou sempre que podemos, para outros cenários que nos permitam suportar melhor o peso da realidade. E é, por isso, que vemos filmes, que lemos livros ou que nos deixamos envolver nos enredos dramáticos das séries que vemos – porque são essas as formas de viajar possíveis no meio de toda a rotina. E, enquanto não pudermos realmente pegar nas malas e seguir viagem, é no refúgio possível que vamos buscar a força de que precisamos para suportar a rotina.
