As recentes eleições presidenciais nos Estados Unidos da América, vieram colocar a nu as profundas divisões sociais existentes naquele país. E devem servir de lição a todos os países onde a democracia está implantada, principalmente ao nosso país.
Os acontecimentos ocorridos no antes, durante e no depois daquelas eleições é o protótipo daquilo que não pode acontecer num país democrático. E um sério aviso para a democracia sobre o que pode acontecer quando a sociedade se deixa dividir.
Durante o consulado de Trump, a democracia, foi várias vezes colocada em causa. Trump foi um presidente incoerente consigo próprio, arrogante, xenófobo, incendiário e sem respeito pelo seu próprio povo. Apoiado por ideais nacionalistas e populistas, Trump dividiu a América, desrespeitou inúmeras vezes os direitos humanos, provocando uma “guerra civil” entre as minorias étnicas e os seus apoiantes de extrema-direita.
Mesmo depois de ter perdido as eleições, Trump nunca aceitou a derrota, evocando sempre a teoria de fraude eleitoral. Incendiou o ambiente pós-eleitoral, incentivando os seus apoiantes a lutar com todas as “armas” necessárias para impedir que o futuro presidente fosse empossado, o que culminou com a invasão do Capitólio, a casa da democracia, pelos seus apoiantes.
Tivemos recentemente as eleições presidenciais em Portugal. E, como cidadão, estou deveras preocupado com o rumo seguido pela sociedade portuguesa. Verifico com angústia um crescendo de movimentos populistas e extremistas. Apoiados por um candidato populista e com discurso semelhante ao de Donald Trump, evocando argumentos nacionalistas, vão ganhando cada vez mais adeptos provocando uma divisão profunda na sociedade.
Na minha opinião, o populismo é a chaga da democracia, que conduz à morte da mesma. E temos esse perigo mesmo á nossa porta. Não quero ver no país onde nasci, o mesmo que aconteceu na América. Quero um país tolerante, onde haja harmonia entre todos os “portugueses”, um país livre. Não quero viver num país xenófobo, discriminatório, arrogante, ditador e dividido.
Cabe a nós evitar que isso aconteça. Evocando dentro de nós o quanto nos custou a liberdade e a democracia, cortar pela raiz toda a espécie de xenofobismo e populismo. Continuar a fazer de Portugal um país livre, onde todas as raças e etnias tenham as mesmas oportunidades, onde não haja discriminações e assim evitar a desagregação da sociedade portuguesa.
Portugal é de todos.