Nunca a Zona EURO esteve num momento tão importante da sua existência como agora. Tudo isto porque o medo irracional dos alemães da Inflação fez com que, durante quatro penosos anos, os países periféricos tivessem forçosamente de adoptar medidas cegas e irracionais de austeridade sob pena de não voltarem a ser financiados. Este fenómeno teve o seu ponto alto na Grécia, mãe da austeridade bruta que reduziu um país a cinzas e o entregou de bom grado à Corrupção.
Perante o cenário que descrevi atrás, só mesmo algo de cósmico e inexplicável evitaria que um Partido declaradamente anti-EURO, como o Syriza, não estivesse na linha da frente para liderar o Povo Grego. E digo anti-EURO e não anti-União Europeia, porque Alexis Tsipras, líder do Syriza e mais que provável próximo primeiro-ministro grego, não é contra a Europa, mas sim contra a austeridade e contra quem a defende a todo o custo. Para tal, basta que olhemos para as declarações de Alexis sem a visão que a Alemanha quer impor a toda a força de que o Syriza é o Papão.
E falo aqui em imposição de visão e modus operandi perante a Crise das Dívidas Soberanas, porque os alemães, bem como estão em todos os aspectos, não querem de forma alguma que se recorra ao caminho que Mário Draghi apelidou de bazuca. Tanto é assim que, no Parlamento Germânico, um dos Partidários da Sra. Merkel afirmou que, após a tal de bazuca, o Banco Central Europeu acabou. Seguramente já se esqueceram da lição que forçosamente tiveram no pós Segunda Guerra Mundial, mas isto são outras histórias para outras crónicas.
Para mais, esta tal bazuca de Draghi já foi utilizada, pois o BCE já tinha comprado nos Mercados Secundários Títulos de Dívida Pública. O que não havia na altura era um tal de Syriza a assustar os alemães e a sua almofada de conforto de nome Zona EURO.
Ora, não sendo esta intervenção do BCE uma novidade e muito menos inocente (podemos até dizer que foi um trunfo eleitoral para o Nova Democracia, actual Partido no Poder em Atenas) não partilho desta euforia que se apossou de todos os sectores da nossa Sociedade e não só. Naturalmente que me satisfaz ver as instituições europeias a fazer alguma coisa pelos países que a compõem, seguindo medidas que há não muito tempo tiraram, com relativo sucesso, os Estados Unidos da América da Crise das Dívidas Soberanas. O que não me agrada é a forma como este investimento do BCE vai depois ser conduzido em Portugal (e não só).
Isto, porque quatro anos de austeridade brutal tiveram um impacto negativo de tal forma que poucos terão coragem de voltar a investir e de adquirir crédito para tal. A Banca está ainda a recuperar do choque tremendo do BES e, como tal, dificilmente voltará a entrar em loucuras. E, a cereja no topo do bolo, a corrupção que foi amamentada e criada pela austeridade bruta e cega vai absorver todo e qualquer tipo de investimento que possa surgir.
Por muito que isto custe a muito boa gente, o EURO já era e a culpa não é do Papão Syriza. Este Papão apenas veio trazer mais alguns anos de vida a uma moeda que nunca deveria ter surgido da forma que surgiu, ou não tivesse a União Europeia dado um passo maior que as pernas.