A Guerra dos Tronos

Por entre os oceanos dos assuntos diversos, revoltos ou calmos, sobre a rocha não está sentada a mais bela das sereias, mas o pódio do tema mais controverso do mundo. Isto porque, política, dedica-se à demonstração de poder, por ideais ou interesses, que necessita de espetadores que a aplaudam. É o culminar de um poder abstrato que enraíza a exaltação, assertividade, orgulho, palavras caras e gestos fortes, na tentativa concreta da formação do “culto” certo e tenro. 

Sabemos que é algo que podemos evitar com facilidade, ignorar o sintético pano que divide a linha imaginária ou teórica do espetro político. Da ponta dos dois lados do espetro, estão focadas as ideias mais extremistas, desde o comunismo ao nacionalismo, fluindo entre estes, uma vasta lista de partidos que acrescentam virgulas, parágrafos, ideologias e definições. Pelo centro, encontra-se o geral conservadorismo liberal e a social democracia, onde assentam os grandes fluentes nesta língua. Cada vez mais, é constante e favorável a perceção deste esquema, desta paleta de mistérios de fé, que nos levam a alcançar o nosso papel neste enredo. Tendencialmente, foi favorecido pela comunicação social e pelos órgãos sociais de cada partido, o acesso mais fácil ao entendimento comum das realidades partidárias. Isto tornou claro, à população mais jovem ou menos interessada, a demonstração ou equidade dos seus próprios pontos de vista e, poder associá-los, ao seu perfeito líder. 

Com representatividade, os diferentes partidos sentam-se numa assembleia “orgulhosa” onde aprovam ou não, assuntos de elevada importância. Se nos colocarmos numa perspetiva externa à situação, é quase como se precisássemos de uma certa validação ou um acenar de cabeça para algo seguir o seu caminho. A sociedade treme de excitação com este momento decisório, quase como se Deus se pronunciasse. Não é Deus…, mas é parecido. 

Na política são enaltecidos diferentes valores, que por vezes não prestamos a atenção devida. Trata-se da concordância ou discordância desvairada quando algo de importante é necessário que aconteça. Foram várias as situações em que só se pretendia uma resposta final, de uma solução, de um caminho para o problema e não de uma guerra dos tronos. No mais pertinente momento, pelo ar vão lanças flamejantes em prol de um ataque e contra-ataque tão sedento, como se por difamação fosse possível inviabilizar qualquer crítica ou opinião.

A maneira como é tornada funcional a política, coloca em risco por vezes o tempo, a carteira ou até a qualidade de vida da sociedade. O foco, ou solução, para este problema seria o respeito, a compreensão e a resiliência. 

Muitos de nós gostavam que neste ramo houvesse mais rapidez e eficácia na generalidade dos processos, mas o ponto chave está no principal ator que os desempenham. E por vezes, como ser humano, é difícil conseguirmos colocar-nos no lugar do outro e percebermos que as nossas ações, no momento certo, podem fazer a diferença. O futuro da política seria, sem dúvida, a partilha de poder com sentido empático e não unificado de coroa no alto da cabeça, manto pelas largas costas e cetro da egocêntrica sabedoria. 

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico
Share this article
Shareable URL
Prev Post

Sérgio

Next Post

Qual é o teu Super-Poder?

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Read next