Sérgio

No dia 19 de agosto de 2003 acontecia um atentado em Bagdá, capital do Iraque. O ataque ocorreu nos escritórios das Nações Unidas, 22 pessoas morreram, entre elas o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, filósofo e diplomata, funcionário da ONU durante 34 anos, era do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Com certeza um dos grandes nomes da diplomacia do Brasil, fazendo muita falta nos dias atuais.
Se você conhece pouco ou quase nada dele, pode buscar na Netflix pelo filme “Sérgio“. Na plataforma você encontrará também o documentário de mesmo nome, vale assistir aos dois. Mello esteve em missões em diversos países, foi responsável por implementar uma nova Constituição em Timor Leste, negociando com o governo da Indonésia que invadiu o pais por décadas. Dali foi para o Iraque, promover assistência aos civis durante a chamada “guerra ao terror”, provocada pelos EUA após o atentado às torres gêmeas.
A construção de instituições democráticas, o respeito aos direitos humanos, uma mídia livre e democrática, o direito a uma informação objetiva. Isso é importante para criar um clima de debate político que venha substituir a violência física e armada.
(Sérgio V. de Mello)
O filme é baseado no livro O Homem que queria salvar o Mundo, de Samantha Power, produzido pela própria Netflix, relata a biografia de Sergio Vieira de Mello, interpretado pelo ator Wagner Moura.
Passando por vários momentos da vida do diplomata, o roteiro mostra os anos dedicados à organização, o diplomata é apresentado já consolidado, com trânsito entre presidentes americanos e um forte candidato a substituir o então Secretário Geral Kofi Annan.
Boa parte da trama é centrada em seu relacionamento amoroso com economista argentina Carolina Larriera, também funcionária da ONU, interpretada pela atriz cubana Ana de Armas. Se por um lado esta escolha humaniza o personagem, mostrando-o não apenas como um bem sucedido negociador, mas também como um sujeito falho, que resolve conflitos pelo mundo, mas é incapaz de se aproximar dos filhos. Por outro lado, deixa de aprofundar nos conflitos políticos que eram intensos a época. Se a química entre Wagner e Ana faz a diferença, é no roteiro que o filme têm seus pontos fracos, o texto parece não entender seus momentos de emoção e, tirando os protagonistas, fica resumido na figura de Gil Loescher (Brian F. O’Byrne), várias outras pessoas trabalhavam com Mello, isso claro não compromete o filme, mas vale a comparação com o documentário, escolha qual assistir primeiro. A ideia de misturar imagens de arquivos às do filme reforça o poder dos fatos, mesmo com algumas idas e vindas temporais.
O filme tem uma bela fotografia, com lindas paisagens que vão da Ásia ao continente americano, chegando ao Arpoador no Rio de Janeiro, local tão desejado por Sérgio. O carismático ator Wagner Moura se sai muito bem na pele do diplomata, o elenco é bem seleto e agrada muito, reforço que poderia ser um excelente thriller político.
Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Português do Brasil
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