O piloto da KTM venceu a última etapa, entre La Serena e Santiago, e foi o primeiro português a terminar a mítica prova de todo-o-terreno em segundo lugar, a 10:43 minutos do vencedor, e companheiro de equipa, Cyril Despres. «Ontem [18 de Janeiro] o Chaleco [Lopez] esteve muito forte mas acho que teve de trocar alguma coisa no motor e perdeu 15 minutos e, por isso, ascendi ao segundo lugar. E, então, pensei que não iria perder essa posição em tão poucos quilómetros. Ainda apanhei pó e, a dois quilómetros do fim, tive uma pequena queda na roda do Pozzolito, mas tudo tranquilo. Andei um pouco mais rápido e ganhei a etapa. Estou muito feliz por o Dakar ter corrido tão bem para a equipa e, para mim, era impensável que o Cyril ganhasse e que eu terminasse em segundo, mas tive essa oportunidade e agradeço a todos por isso». Aliás, este Dakar (que se voltou a realizar em terras peruanas, argentinas e chilenas) foi extraordinário para os pilotos portugueses. Para além de Faria também Hélder Rodrigues (sétimo) e Paulo Gonçalves (décimo) foram os melhores das suas equipas (Honda e Husqvarna, respectivamente) e acabaram no top-10. O estreante Mário Patrão (Suzuki) terminou num honroso trigésimo lugar e Bianchi Prata (Husqvarna) acabou em 58º. Já nos automóveis, o francês Stéphane Peterhansel (Mini) repetiu a vitória do ano passado e Carlos Sousa levou o seu Great Wall à sexta posição da geral. Veja no vídeo, em baixo, o resumo da última etapa da prova.
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Ruben Faria começou por dar nas vistas logo na segunda etapa, em Pisco, tendo terminado em quarto. «Uma verdadeira etapa do Dakar para começar. Não era nada fácil pois haviam muitas árvores fora da pista e tinhamos que andar a grande velocidade, mas o Perú é assim e gosto deste terreno. Parti em sétimo nesta manhã [6 de Janeiro] só que perdi-me por volta dos 40 quilómetros. Porém consegui apanhar o Verhoeven e o Despres e ultrapassei-os nas últimas grandes dunas», afirmou. Na tirada seguinte foi a vez de Paulo Gonçalves brilhar, terminando em segundo em Nazca: «Foi uma etapa fantástica para mim. Mas tinha mesmo que tirar algo da cartola depois de ter perdido muito tempo ontem devido a problemas de navegação [foi 55º a 31:20 minutos de Barreda Bort]. À partida sabia que poderia recuperar algum tempo hoje [7 de Janeiro] se atacasse sem ter qualquer preocupação com o vento, e isso valeu a pena porque terminei em segundo». Ao fim de três dias de prova, Faria era 10º e Gonçalves ascendia ao 16º posto.
Na quinta etapa foi a vez de Hélder Rodrigues brilhar. O piloto foi oitavo, entre Arequipa e Arica, e por esta altura ficava à porta dos dez primeiros (12º). «Não foi o meu melhor dia porque a etapa foi demasiado curta [136 quilómetros]. Mas é bom terminar em oitavo, especialmente para amanhã. O dia vai ser comprido e prefiro partir mais tarde. Penso que é bom o Dakar começar com etapas dificeis, com areia e dunas. Não estou muito contente porque perdi algum tempo logo no primeiro dia devido a um problema no combustível. Estou seguro de que, se não fosse isso, estaria melhor classificado agora. Tenho 25 minutos para recuperar mas isso não é nada. Ainda há muito caminho a percorrer», confessava. Com efeito, a sexta etapa voltou a correr de feição ao piloto lisboeta, que terminou em sétimo, mas foi Ruben Faria a destacar-se ao acabar em segundo: «Sabia que era a primeira etapa em terreno duro, pelo que tinha de andar forte. Tentei sair bem só que não consegui ir tão rápido como queria por causa do pó. Fui alcançado pelo Paulo Gonçalves mas consegui encontrar o meu ritmo durante a segunda metade do percurso. Queria ter ganho a etapa para dedicar à minha mulher que faz anos hoje [10 de Janeiro] mas terá de se contentar com o segundo lugar.»
Já na segunda semana da competição, a nona etapa (entre San Miguel de Tucumán e Córdoba) revelou ser importante para o desfecho final de motas e automóveis. O então lider David Casteu chocou com uma vaca e perdeu quase duas horas e Cyril Despres foi penalizado em 15 minutos por ter trocado de mota, o que fez com que Ruben Faria ascendesse à liderança da prova. Apesar do primeiro lugar, o piloto mantinha os «pés bem assentes no chão»: «estou aqui para o ajudar o Despres a conquistar o quinto Dakar». Também Hélder Rodrigues esteve em bom plano ao entrar para o top-10. «Foi uma etapa longa e dura para os pneus e os pilotos, isto apesar de não ter exigido muita navegação. Estou contente porque fiz um bom trabalho sem arriscar muito. Ainda falta muito para o Dakar acabar e tudo pode acontecer. Vou atacar até final para tentar chegar ao pódio», afirmava. Quanto aos automóveis, a luta estava interessante entre Peterhansel e Al-Attiyah (com a diferença entre os dois a situar-se nos três minutos). Contudo, o piloto do Qatar teve de abandonar devido a problemas mecânicos e deixou o francês com uma vantagem de 49 minutos para o segundo, que passou a ser Giniel De Villiers.
Talvez em consequência da hierarquia estabelecida na KTM, a etapa 10 colocou Despres na liderança, lugar de onde o francês não iria sair até final da prova. «Seria maravilhoso se terminássemos nos dois primeiros lugares, em Santiago. Isso significaria o quinto Dakar para o Cyril, sendo o terceiro em que o ajudaria. Mas temos de continuar a trabalhar tal como temos feito até agora. Espero que tudo corra bem até ao fim e que o Cyril seja o vencedor. É claro que se ficar no pódio será maravilhoso porque é algo com que tenho sonhado», afirmava Faria a 15 de Janeiro. Nessa mesma etapa, Paulo Gonçalves foi terceiro, lugar que repetiu na penúltima tirada (entre Copiapó e La Serena) e que lhe deu a entrada nos dez primeiros: «Foi uma boa etapa. Acabei em terceiro e estou muito contente. Foi uma segunda semana excelente para mim. Não fosse aquele problema ao quinto dia e hoje estava a lutar pelo pódio. Mas o Dakar é assim, tive um problema mas outros pilotos também o tiveram.»
À chegada a Portugal, Ruben Faria foi recebido em festa por várias centenas de pessoas no Aeroporto de Faro. «Estou muito feliz de regressar a Portugal depois de um Dakar em que tudo me correu bem. Cumpri o objectivo de ajudar o Cyril Despres a conquistar o seu quinto título e tive uma prenda especial – o segundo lugar da classificação geral. Gostava de destacar a excelente prestação dos pilotos portugueses em termos gerais, tanto em motos como nos automóveis, o que me enche de orgulho. Agora tenho uma semana para descansar com a família e festejar com os amigos e não quero pensar em mais nada», afirmou o piloto algarvio. Estou muito feliz de regressar a Portugal depois de um Dakar em que tudo me correu bem. Cumpri o objetivo de ajudar o Cyril Despres a conquistar o seu quinto título e tive uma prenda especial – o Segundo lugar da classificação geral. Gostava de destacar excelente prestação dos pilotos portugueses em termos gerais, tanto em motos como nos automóveis, o que me enche de orgulho. Agora tenho uma semana para descansar com a família e festejar com os amigos e não quero pensar em mais nada.Estou muito feliz de regressar a Portugal depois de um Dakar em que tudo me correu bem. Cumpri o objetivo de ajudar o Cyril Despres a conquistar o seu quinto título e tive uma prenda especial – o Segundo lugar da classificação geral. Gostava de destacar excelente prestação dos pilotos portugueses em termos gerais, tanto em motos como nos automóveis, o que me enche de orgulho. Agora tenho uma semana para descansar com a família e festejar com os amigos e não quero pensar em mais nada.