O festival “One World: Together at Home” angariou quase 120 milhões de euros, que serão agora utilizados no combate à pandemia Covid-19. No entanto, não foi essa vertente que me agradou. Foram as vibrações positivas que este evento brilhantemente pensado por Lady Gaga me proporcionou, quando assisti a este evento, no Domingo de tarde, 19 de Abril de 2020, na TVI24. Foram essencialmente as mensagens de amor, criatividade, luz e esperança de que juntos conseguiremos ultrapassar a pandemia do terror. Só com os mais nobres valores humanos conseguiremos. Antes de vencermos a pandemia Covid-19, teremos de derrotar o terror que está no DNA desta pandemia com as espadas iluminadas do amor, coragem, união e esperança.
O número dos 120 milhões de euros foi divulgado pela plataforma Global Citizen, que organizou o festival (na Internet) em parceria com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
«É este o poder e o impacto do “One World: Together at Home”», pode ler-se numa curta mensagem deixada pela Global Citizen no Twitter. Palavras de agradecimento não faltaram também para Lady Gaga, a curadora do festival:
“Obrigado, Lady Gaga, por teres ajudado a Global Citizen a criar este evento histórico. Mantenham-se fortes e seguros, em breve estaremos juntos.”
Durante oito horas, o festival “One World: Together At Home” reuniu alguns dos mais importantes artistas do planeta, atuando a partir de casa. Músicos como Rolling Stones, Lady Gaga, Paul McCartney, Elton John, Billie Eilish, Keith Urban, Eddie Vedder, Chris Martin, Billie Joe Armstrong, Céline Dion, Andrea Bocelli, Jennifer Lopez, John Legend, Lang Lang e Stevie Wonder transmitiram shows que produziram e gravaram dentro de suas casas – a maior parte das performances foi acústica.
Stevie Wonder abrilhantou a noite, ao prestar uma homenagem a Bill Withers, a voz mítica de “Ain´t no Sunshine” que faleceu no começo de abril. Para recordar o cantor, Stevie Wonder decidiu interpretar “Lean on Me”. Grande demonstração de humanismo e fraternidade por parte de Stevie Wonder!
Todas as músicas condensavam esperança, amor, ânsia e desejo profundo de paz e harmonia. Foi pura poesia artística numa era de dor, trevas e amargura. Gostei muito particularmente dos temas” You can’ t get always what you want”(Rolling Stones), “People” (Jennifer Lopez), e “Wake me up when September ends” (Billie Joe Armstrong). Foi brutal ver o espírito jovem que artistas como Mick Jagger, Elthon John, Paul McCartney, Stevie Wonder e Céline Dion ainda conservam. E claro a irreverência de Lady Gaga que está em clara fase de mudança no seu estilo e registo musical. Longe vão os tempos do seu estilo bizarro e megalómano que a caracterizaram a partir da primeira década do XXI. Desde que participou no filme “A Star is Born”, onde contracenou com Bradley Cooper que Lady Gaga se vem assumindo como uma compositora sentimental e uma cantora que realça nas suas músicas a importância de amar e ser amada. Lady Gaga mudou. E na minha perspectiva para muito melhor.
Tenho de aplaudir a atitude e iniciativa de Lady Gaga. Não é só pelo facto de os fundos angariados poderem contribuir para a descoberta da ansiada vacina que todos acreditarmos ser a machadada final na pandemia Covid-19, mas pela apresentação de uma vacina emocional para combater a pandemia do medo e do desespero. A arte e a criatividade sempre foram grandes armas da Humanidade em tempos de Guerra e medo. O confinamento pode-nos aprisionar fisicamente, mas não pode aprisionar as nossas almas.