Por todo o mundo, independentemente dos ritos culturais, a amizade tem tendência a juntar amigos à mesa e a dar o mote à conversa. Trocam-se ideias, debatem-se assuntos, desde a política, à economia, até aos temas mais banais, de tonalidade rosa. Quer se habite em grandes cidades ou pequenas aldeias, há situações que não diferem tanto entre si. O que difere é a formalidade do momento e a opção do lugar, justificada na localização geográfica e na densidade populacional da cidade que abriga a conversação. Por outras palavras, a diferença está apenas no local onde decorre a tertúlia, se numa cidade global e próspera ou em qualquer outra rotulada enquanto provinciana e de interior. Conversa puxa conversa e no debate levanta-se a questão: porque é que as cidades se caracterizam assim? Será que existe alguma estrelinha de ouro ou é simplesmente o esforço humano e conjunto que as faz progredir e avançar?
Do ponto de vista técnico, a importância de cada cidade é avaliada pelo seu aglomerado de construcções, pelo número de cidadãos que abriga, bem como pelo conjunto das obras por eles criadas. Em Portugal, por exemplo, a classificação dos aglomerados é organizada em Aldeias, Vilas e Cidades, sendo que as grandes cidades pressupõem a participação activa e de qualidade dos seus habitantes. De facto, assiste-se a uma desertificação cada vez mais profunda do interior português rumo ao litoral e às grandes cidades, que se tornam cada vez maiores, porque albergam cada vez mais habitantes. Face a este aumento populacional surgem as oportunidades de investimento das mais variadas áreas de negócio, que ali instalam as suas empresas. Cresce o número de serviços, melhoram-se as infraestruturas e pensa-se em formas de fomentar o turismo. Cria-se emprego e oportunidades e é na afinação da dinâmica procura-oferta que se gera o sucesso daquela cidade.
Contudo, vivemos num mundo competitivo não só entre regiões do mesmo país, mas entre as principais cidades internacionais. O International Forum of Urban Competitiveness define como critérios de sucesso citadino o produto total, o produto per capita, o produto por unidade de área geográfica, a produtividade laboral, o número de empresas multinacionais instaladas, o número de patentes, os preços, bem como a taxa de crescimento económico e a de emprego. É através destes índices que uma cidade é considerada mais que consumidora, produtora de riqueza, o que também lhe confere o título de cidade de sucesso. Porém, se os índices são os mesmos, porque existem cidades mais prósperas que outras?
No caso de Portugal, nomeadamente Lisboa, a crise veio desafinar a dinâmica: a procura é maior que a oferta, o que faz com que se ultrapasse o conceito de migração, assistindo-se agora a um aumento da emigração para as cidades internacionais. A escolha recai nas ditas cidades globais, aquelas que são mais capazes de atrair recursos que aumentem a sua grandeza, enquanto metrópole, e que, por sua vez, possibilitem uma melhor qualidade de vida a quem procura emigrar. Londres, Nova Iorque e Tóquio são as principais cidades globais, com classificação Alfa++ estabelecida na Globalization and World Cities Research Network, uma vez que controlam e concentram uma quantidade desproporcional de negócios quando comparadas com outras cidades do mundo. Ainda assim, em 2010, Lisboa foi considerada uma cidade global Alfa- e o Porto Gama-, o que demonstra que em Portugal existem cidades com potencial de crescimento e consequente sucesso, se assim souberem ser exploradas, e para isso não dependem de nenhuma estrela, mas apenas e somente da mão humana e do esforço conjunto de todos nós.