The bigger the crowd, the more negligible the individual.
The Undiscovered Self, de Carl G. Jung
Há mais de meio século, quando o mundo se dividia em dois extremos, os prós americanos e os prós soviéticos, o psicólogo suíço, Carl G. Jung previu na obra The Undiscovered Self (1957) que o colectivismo iria conduzir à opressão do ser individual. Era o anúncio da sociedade de massas onde o individuo para fazer parte de um todo sacrifica o seu Eu para ser um Nós.
Hoje vivemos na era da internacionalização do indivíduo. Se antes a singularidade era afirmada e encorajada, agora o indivíduo faz parte de um mundo global, onde as fronteiras espaciais e temporais foram derrubadas pela tecnologia. A descoberta do Eu é substituída pela afirmação do grupo e pelo reconhecimento do indivíduo como parte integrante de uma realidade universal.
Toda a vida em sociedade está orientada para nos incutir o sentimento que fazemos parte de uma estrutura comum, veiculando a mensagem que somos cidadãos do mundo e não apenas cidadãos locais. Porém, se o apelo à unidade mostra aquilo em que somos iguais, a consciência daquilo em que somos diferentes torna-se mais evidente.
Ainda que o trabalho de Jung seja mais que actual na sociedade contemporânea, a exaltação do indivíduo persiste através dos grupos extremistas. Na Europa, o ressurgimento de nacionalismos, aliado ao racismo, e partidos de extrema-direita ou esquerda voltam a ganhar força não só nos parlamentos, traduzindo-se numa representatividade cada vez mais expressiva nas eleições, como junto das massas que se sentem oprimidas na “aldeia global”.
Atentados como aquele que ocorreu na Noruega são ilustrativos que esta nova realidade não agrada a todos. A “aldeia global”, anunciada por McLuhan, fez da mobilidade demográfica e cultural algo banal, mas existe uma minoria que se sente ameaçada e despojada da sua singularidade, exigindo uma mudança que dê prioridade, novamente, à identidade nacional em detrimento da internacional.
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