O FC Porto voltou a vencer o campeonato e o Sporting afunda-se numa crise desportiva e financeira sem precedentes.
2012 foi um ano de contrastes para dois dos principais clubes portugueses. Vítor Pereira conseguiu levar o FC Porto a conquistar o 26º campeonato (o oitavo nos últimos dez anos) e, no Verão, arrebatou a Supertaça Cândido de Oliveira com uma vitória (1-0) sobre a Académica. Contudo, os «dragões» desiludiram nas restantes provas nacionais (derrota humilhante em Coimbra – 0-3 – nos 16 avos-de-final da Taça de Portugal e eliminação das meias-finais da Taça da Liga pelo Benfica – 2-3) bem como nas competições europeias: terceiro no Grupo G da Champions (ficando atrás de Zenit e APOEL Nicósia) e eliminação nos 16-avos da Liga Europa pelo Manchester City. Já nesta temporada e depois de muito se ter falado da saída de Hulk para os russos do Zenit, o FC Porto continua em bom plano na liga (é segundo, a três pontos do rival Benfica) e já assegurou presença nos oitavos-de-final da prova milionária, onde vai defrontar o Málaga.
Já para o Sporting, o ano de 2012 é para esquecer. A nível financeiro, o passivo do clube tem aumentado a olhos vistos e, a nível desportivo, as coisas estão cada vez pior. Domingos Paciência começou por ser despedido, no início do ano, devido aos maus resultados e foi substituído por uma figura mítica e que representa a garra do «leão»: Sá Pinto. O técnico ainda protagonizou o feito de eliminar o poderoso Manchester City e de chegar às meias-finais da Liga Europa. Para além disso, encetou uma boa recuperação no campeonato, levando o Sporting ao quarto lugar. No entanto, perdeu a final da Taça para a Académica. A segunda metade tem sido ainda pior. O clube vai já no terceiro treinador (Sá Pinto, Oceano e Vercauteren), foi eliminado da Liga Europa, Taça de Portugal e Taça da Liga e está em décimo lugar no campeonato, a seis pontos das competições europeias e com apenas mais dois pontos que a zona de despromoção. Veja no vídeo – em baixo – um dos momentos mais altos vivido pelo Sporting neste ano: o golo de Xandão diante do Manchester City.
O Benfica chegou a estar em bom plano em todas as provas em que estava envolvido, mas acabou por conquistar apenas a Taça da Liga (pela quarta vez). No campeonato, os pupilos de Jorge Jesus chegaram a liderar a prova com cinco pontos de avanço sobre os «dragões», porém, tudo mudou em três jogos: desaire (0-1) em Guimarães (jornada 19), empate (0-0) em Coimbra (jornada 20) e derrota (2-3) com o FC Porto (jornada 21). Na Taça de Portugal, os «encarnados» foram eliminados nos oitavos-de-final, pelo Marítimo, e cairam aos pés do Chelsea, nos quartos-de-final da Liga dos Campeões. Pensou-se que o Benfica ia enfraquecer com as saídas de Witsel (para o Zenit) e Javi García (para o Manchester City) no Verão, mas a verdade é que, apesar da eliminação da Champions, os vice-campeões nacionais acabam o ano civil na liderança da liga. Reveja no vídeo – em baixo – o encontro que ajudou a decidir o título da época passada.
Quanto ao Sporting de Braga, o clube minhoto teve um ano regular. Leonardo Jardim levou os «arsenalistas» ao terceiro lugar, embora tenha sido eliminado dos 16-avos da Taça de Portugal pelo Sporting (0-2) e das meias-finais da Taça da Liga pelo Gil Vicente (nas grandes penalidades). O técnico (que nasceu na Venezuela) saiu para o Olympiakos e António Salvador foi buscar José Peseiro para o seu lugar. O treinador (que já orientou o Nacional e o Sporting) ainda qualificou os bracarenses para a fase de grupos da Champions (ao eliminar a Udinese, de Itália), mas já deixou as competições europeias. Entretanto e apesar da saída do principal goleador Lima (para o Benfica), o Braga está a fazer um bom campeonato e encontra-se na terceira posição, a seis pontos do FC Porto e a nove dos «encarnados».
Ainda a nível nacional, o destaque também para a Académica, que venceu a Taça de Portugal (com um golo de Marinho – ver vídeo em baixo) e ganhou um encontro na Liga Europa (e logo frente aos campeões em título, o Atlético de Madrid), o Gil Vicente, que chegou à final da Taça da Liga (onde perdeu – 1-2 – com o Benfica), e o Paços de Ferreira, que está a realizar uma segunda metade de época extraordinária e com um treinador estreante na primeira liga: Paulo Fonseca. Os pacenses estão em quarto no campeonato, nos quartos-de-final da Taça de Portugal, e em boa posição de assegurar presença nas meias da Taça da Liga. A nível de individualidades, Óscar Cardozo foi o melhor marcador da época passada (com 20 golos) e está de novo no topo da lista, nesta temporada (13 golos). João Tomás foi a grande figura do Rio Ave em 2012. O atacante, de 37 anos, continua a brilhar e foi o melhor marcador português, na temporada transacta, com 11 golos. Também a nível da arbitragem há destaque pela positiva: Pedro Proença esteve em grande, este ano, ao apitar as finais da Liga dos Campeões e do Campeonato da Europa.
Já pela negativa destaco Luisão. Na tentativa de defender Javi García, o central (e capitão) do Benfica deu um encontrão em Christian Fischer (deixando o árbitro alemão momentaneamente inanimado), num particular com o Fortuna Dusseldorf, a 11 de Agosto, e foi castigado pela Federação Portuguesa de Futebol e pela FIFA por dois meses – ver vídeo em baixo.
Em Espanha, José Mourinho brilhou no ano que ficou marcado pela saída de Pep Guardiola do Barcelona. O técnico português conquistou o título espanhol e a Supertaça, embora tenha sido eliminado das meias-finais da Champions, nos penalties, pelo Bayern. Contudo, esta temporada não está a correr de feição a Mourinho: o Real Madrid é terceiro no campeonato e o treinador é fortemente criticado pela imprensa. Quem também brilhou foi Messi: o jogador argentino foi considerado o melhor jogador do Mundo pela terceira vez consecutiva e entrou para a história do futebol ao bater o recorde de 85 golos marcados por Gerd Muller (em 1972/73), num ano cívil. Destaque ainda para o Atlético de Madrid (que venceu a Liga Europa e a Supertaça Europeia e está em segundo no campeonato – tudo graças às exibições e aos golos de um colombiano bem conhecido do futebol português, Radamel Falcão) e para o Málaga que, apesar das dificuldades financeiras, consegue manter-se entre os lugares cimeiros e atingiu os oitavos da Champions e logo no ano de estreia na prova milionária.
Em Inglaterra, o Manchester City voltou a vencer o campeonato 44 anos depois e o Chelsea protagonizou um ano atípico. O clube fez uma má temporada no capítulo interno, mas Di Matteo conseguiu levar os londrinos ao título europeu – ver vídeo em baixo. Entretanto, o treinador italiano foi substituído no comando técnico por um Rafael Benitez que não está a ter uma passagem feliz, tendo mesmo já perdido o Campeonato do Mundo de Clubes para o Corinthians.
Em Itália, o ano foi completamente dominado pela Juventus. O clube de Torino voltou a festejar o «scudetto», nove anos depois, e sem sofrer qualquer derrota! Na Alemanha, Jurgen Klopp levou o Borussia Dortmund à dobradinha. Por falar em treinadores, também Vicente del Bosque se destacou por conquistar o Europeu com a Espanha que, assim, se tornou na primeira selecção a ganhar três provas consecutivas (o Euro 2008 na Áustria e na Suíça, o Mundial 2010 na África do Sul e o Euro 2012 na Polónia e na Ucrânia). Por fim e a nível de jogadores, Ibrahimovic foi uma das figuras do ano. O atacante foi o melhor marcador em Itália (marcou 28 golos pelo AC Milan) e também já é, neste momento, em França (tendo feito 18 golos com o PSG). O atleta sueco marcou ainda um dos melhores golos do Europeu (contra a França) e outro que decerto vai entrar para a história do futebol, frente à Inglaterra – ver vídeos em baixo.