E tudo o Benfica perdeu

O Benfica é, indubitavelmente, o grande destaque de 2013 e pelas piores razões. Há uma música de uma cantora que apresentou programas e foi protagonista de telenovelas para crianças (e que já foi casada com um jogador que agora anda perdido pela equipa B dos “encarnados”) que dizia assim: “Não tenho nada, mas tenho tudo”. Ora, com o Benfica passou-se exactamente o contrário: teve tudo e acabou por não ter nada.

Passemos a dissecar esta ideia. No princípio de Maio, os homens da Luz sonhavam com uma época perfeita e estavam em óptimas condições de ganhar tudo: o campeonato, a Liga Europa e a Taça de Portugal. Porém, em apenas duas semanas, tudo se modificou. As derrotas no Dragão e com o Chelsea (ambas no último minuto) e, no Jamor, com o Vitória de Guimarães custaram aos “encarnados” uma época de sonho.

Se com o Chelsea foi imerecido, porque o Benfica fez o melhor jogo de toda a época, nos outros dois deve a perda a si próprio. Em ambos os encontros, o clube teve medo de perder e jogou com muitas cautelas, o que acabou por custar caro ao clube e a Jorge Jesus, que ficou de rastos (esta é uma imagem que nenhum benfiquista jamais vai esquecer). Se contra o FC Porto era (embora pouco) compreensível que se jogasse na expectativa, é inconcebível que na final da Taça se tentasse segurar um resultado escasso a meia hora do fim contra um Guimarães (por quem tenho muito respeito) muitíssimo acessível.

Se o Benfica tem tido um ano um pouco (muito) desapontante, já o Sporting não pode dizer o mesmo. É verdade que começou mal e até andou a lutar para não descer, mas a entrada de Jesualdo Ferreira deu uma nova alma e a equipa subiu na classificação. Apesar de ter terminado na pior classificação de sempre, os “leões” mostraram inícios de recuperação, muito por culpa de uma gestão eficiente de Bruno de Carvalho, um presidente que, se fosse preciso, até calçava as chuteiras para marcar uns golinhos.

O bom momento que a equipa leonina demonstrou até ao final de Maio foi transitado já para estes últimos quatro meses, de tal forma que o reino do “leão” está em estado de graça. Lidera o campeonato, o que já não acontecia há quase oito anos, joga bom futebol e empolga os adeptos. Tudo graças à união, espírito de equipa e a um treinador (Leonardo Jardim), que, para além de ser bom no que faz, também sabe manter os pés assentes no chão. Confesso que já fazia falta um Sporting destes ao futebol português, capaz de dar luta e de demonstrar o seu estatuto de “grande” (apesar de adormecido nos últimos anos).

Não é só no futebol que o clube de Alvalade está a viver um ano (ou pelo menos parte dele) em grande. Também no futsal, o Sporting foi dominador. Os “leões” conquistaram tudo – o campeonato, a Taça e a Supertaça foram tudo deles! E não foram só os troféus… As exibições e os números deixam qualquer adepto de futsal impressionado. Em 49 jogos realizados este ano, o Sporting só perdeu três encontros (e um deles apenas nas grandes penalidades). Para além disso, a equipa marcou 254 golos e sofreu 96. Estatísticas, no mínimo, fascinantes.

Ainda no que toca ao futebol nacional resta falar de Portugal. Se olharmos aos resultados em geral, o ano nem foi muito mau. Em 12 encontros realizados (entre apuramento e amigáveis), a selecção só perdeu dois jogos (e ambos a “feijões”, contra o Equador e o Brasil). A juntar a isto, há ainda a qualificação para o Mundial, fruto de dois jogos soberbos contra a Suécia e em que Ronaldo mostrou toda a sua força, quebrou mais um recorde (de golos marcados na selecção), “dizendo” a Blatter que merece mais que nunca a Bola de Ouro. Porém e apesar de tudo, não se pode esquecer a má qualificação. A selecção podia ter perfeitamente terminado em primeiro, mas parece que os jogadores não o quiseram. Basta recordar os dois inexplicáveis empates com Israel, mas lá se acabou por salvar a honra do convento, felizmente.

Já a nível internacional há um nome a destacar: Bayern Munique. O clube alemão foi o “papa-troféus” de 2013. Ganhou tudo o que havia para ganhar: campeonato, Taça da Alemanha, Liga dos Campeões e Supertaça Europeia. A equipa “bávara” amedronta qualquer adversário e nem mesmo a mudança de técnico (apesar de ter conquistado tudo, Jupp Heynckes saiu para dar lugar a Pep Guardiola) fez abrandar o ritmo. É longa a lista de recordes batidos por este monstro alemão: dez vitórias consecutivas na Champions e 42 jogos sem perder na Bundesliga (53 consecutivos a marcar), ao que se junta o maior número de pontos (91) e vitórias (29), o menor número de derrotas (uma), a maior série de triunfos consecutivos (14), a diferença entre golos marcados e sofridos (80), o menor número de golos encaixados (18) e a maior série de jogos sem sofrer golos (21). Olhando para estes números, bem se pode dizer que nasceu um novo Barcelona e ainda bem. Sempre é mais uma equipa a combater o poderio do emblema espanhol.

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