Portugal sempre foi conhecido pelo país dos três “F’s”: Fado, Fátima e Futebol. Eram o porta-estandarte do regime salazarista, embora há quem diga que não era bem assim. Seja como for, irei debruçar-me sobre o último item e o que gira à sua volta.
O que leva milhares de pessoas a meterem-se dentro de um avião, fazer hora e meia de viagem para ver… hora e meia de futebol? Falo num caso em particular, do jogo Marítimo/Benfica, em que foram 10 aviões Charter até à Pérola do Atlântico. No entanto, há quem faça muitas mais milhas aéreas com o mesmo intuito. A resposta não é fácil de ser encontrada em nenhum campo da ciência. Eu, como apaixonado pelo desporto-rei, até posso tentar esclarecer, mas não é assim tão simples. Os ateus da religião futebolística não compreendem o porquê de tanto entusiasmo e excitação. A eles, nós respondemos que não percebemos como vivem sem este vício saudável.
O frenesim e nervoso começam alguns dias antes do jogo, a começar pela compra de bilhetes. Por vezes, a procura é tanta, que quem realmente quer assistir “in loco”, passa horas a fio em filas… e depois vê na televisão, porque simplesmente esgotaram-se os ingressos. Depois… bem, depois é esperar impacientemente pelo dia do jogo, o que para muitos é um verdadeiro sacrifício. Insónias, nervoso, noites mal dormidas, há de tudo um pouco. Chegado ao grande dia, todas as horas, minutos e segundos são contados até ao início do encontro. O mundo, nesse dia, “pára” por completo, pelo menos, para o apaixonado da bola. E isto porquê? A resposta está na paixão irracional que sentem, que lhes faz ver as coisas de determinada cor, consoante o clube. E há-os para todos os gostos, como os parciais racionais que conseguem ver os erros que os prejudica, seja alheio ou não. Ou os “donos” da verdade absoluta, que dizem que o seu clube é sempre “roubado”, esquecendo-se da máxima “há sempre três verdades: a minha, a tua e a certa”. São completamente obcecados e seguem o clube fanaticamente, como se o mundo não fosse além da instituição.
Portanto, seja um ou outro tipo de adepto, ambos amam o seu clube incondicionalmente, sentem a camisola como mais ninguém e só esperam pelo fim da época para poder libertar todo o stress que acumularam com as várias incidências da temporada. Resta saber se as extravasarão em depressão ou êxtase. Vendo os factos mais friamente, podemos afirmar que há um lado bom nisto tudo, a economia ganha vida, mesmo que seja a troco de desvarios passionais.