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Livros para as Férias – das ED. SÍLABO…

Aproximando-nos das chamadas «férias grandes», para a maioria das pessoas – ou já estando nelas –, deixo aqui algumas recomendações literárias para esta época, sempre considerada muito propícia para mais e renovadas leituras, com mais tempo, descanso e prazer pelas mesmas. E estas sugestões não se tratam apenas de novidades editoriais, mas de livros intemporais, que valem a pena ser lidos e relidos…

Nesta décima crónica literária e última nesta sequência seguidamente intercalada de dias e interrompendo para férias, revisitamos alguns títulos das EDIÇÕES SÍLABO.

A Guerra das Gálias, de Júlio César

Escrita com grande elegância, tem-se afirmado como uma obra de inegável valor documental e histórico. Mas uma leitura mais atenta revelará também propostas notáveis para o estudo da fenomenologia estratégica, assim como uma visão clara e sofis­ticada dos mecanismos conceptuais de que a Roma antiga dis­punha para lidar com ambientes de natureza conflitual. Relato vivido dos acontecimentos, saído do punho do vencedor, acaba afinal por nos recordar que a estratégia ultrapassa em muito o choque puro e duro das armas. Júlio César foi um líder político e militar genial, que entrou para a história como o conquistador da Gália. Foi o responsável pela derrocada final do sistema de governo Republicano e criou as bases essenciais do Império, ao qual as gerações posteriores ficaram a dever vários séculos de paz e prosperidade. Este livro é o n. 5 da coleção «Clássicos do Pensamento Estratégico».

O Príncipe, de Maquiavel

Partindo do cenário de uma Itália devastada pelas invasões e guerras iniciadas nos derradeiros anos do século XV, Maquiavel lança mão deste texto para incitar Lourenço de Médicis, senhor de Florença, a erguer, como Príncipe, o estandarte da liberdade que, unindo todos os italianos, leve por diante a expulsão dos exércitos estrangeiros e a fundação de um novo Estado, cujos principais alicerces sejam «as boas leis e as boas armas». Obra fundadora da ciência política moderna, é, também, um dos clássicos do pensamento estratégico, tendo granjeado a mais reverente atenção dos principais autores que, sobre esta matéria, posteriormente se publicaram. Iniciou-se na política ativa aos 29 anos, sendo nomeado Secretário da Segunda Chancelaria da República de Florença, cargo que ocupou ininterruptamente até ao final da sua vida política, em 1512. Caído em desgraça pelo regresso dos Médicis ao poder, dedicou-se intensamente à atividade literária, produzindo obras que se tornaram verdadeiros clássicos do pensamento político e militar. Este livro é o n. 15 da coleção «Clássicos do Pensamento Estratégico».

Máximas e Pensamentos de Napoleão, escolhidos e apresentados por Honoré de Balzac

A escolha era fácil, a Vontade de Napoleão foi uma das mais violentas influências que a história já conheceu: seria do maior interesse compreender as leis pelas quais construiu e manteve o seu poder. Do ponto de partida ao de chegada e do trono ao túmulo, Napoleão percorreu duas vezes – e em sentidos opostos – todas as condições sociais, soube tudo ver e tudo observou. Por esta razão, nunca omitimos nenhuma das suas palavras que, por estranhas que fossem às suas políticas, nos pareceram iluminar profundamente algumas etapas da sua vida. Assim, cada um encontrará algo de útil, grande ou pequeno, pois o seu pensamento, aguçado como uma espada, sondou todas as profundezas. O terrorista de 93 e o general foram absorvidos pelo Imperador, e o governante desmentiu frequentemente o governado. Mas as suas palavras, que as diversas crises lhe arrancaram e que são contraditórias, revelam admiravelmente a grande luta à qual ele foi condenado. Muitas vezes, uma única frase desta recolha ilustra determinadas fases da sua vida e diversas partes da história contemporânea muito melhor do que os historiadores até hoje fizeram. Este livro é o n. 11 da coleção «Líderes e Povos».

Liderança. Humildade e Soberba, de Arménio Rego

Abundam na história líderes e organizações que colapsam quando, aparentemente, se encontram no cume do sucesso. Este paradoxo acontece, frequentemente, quando a autoconfiança, o poder e o sucesso se transformam em arrogância e soberba. A tentação híper-narcísica transporta o líder para o interior de uma bolha, assim perdendo contacto com as pessoas e as realidades. Este perigo é potencialmente letal, quer para o próprio, quer para as organizações que lidera. A humildade não representa humilhação, fraqueza ou défice de autoestima, sendo antes a capacidade de «ter os pés assentes na terra» – estar ciente das forças e fraquezas próprias, reconhecer as qualidades e os contributos dos outros, e ter vontade para aprender. A humildade dos líderes é, pois – desde que acompanhada de determinação, coragem e competência – uma força. Em oposição, a soberba pode ser uma doença perigosa para os líderes, as organizações e mesmo a comunidade. Livro em 2.ª ed. atualizada e que responde a questões, tais como: O que significa ser um líder “humbicioso” (humilde e ambicioso)? É possível ser-se um líder simultaneamente humilde e narcisista? Porque é que a soberba dos líderes pode conduzir a escândalos, bancarrotas e desastres? Como exercer o poder sem contrair a soberba? É arriscado ser excessivamente humilde?

Redes Sociais. Ilusão, Obsessão e Manipulação, de Joaquim Fialho

As redes sociais tornaram-se salas de convívio global. A amizade subjugou-se a relações algorítmicas e a vida em sociedade passou a ser mediada pela tecnologia. O corpo mercantilizou-se. O Instagram é uma montra de corpos perfeitos e esculpidos, sem espaço para rugas ou estrias. Os ditos influencers tornaram-se arautos da propagação do consumo e da felicidade. Nas redes sociais, não há espaço para a tristeza. Os bancos do jardim, outrora espaços privilegiados para as relações amorosas, foram substituídos pelo Tinder. Os sites de encontros são o expoente de uma banalização e superficialidade de valores essenciais às relações humanas. As nudes são um sinal da promoção do corpo e da vulgarização do espaço privado.

Este livro convida o leitor para uma viagem pelas transformações nas relações de sociabilidade provocadas pela penetração das redes sociais nas nossas vidas. O autor analisa e foca-se nos novos padrões de comportamento que daí emergem: a ilusão da felicidade, a obsessão por estar ligado e a ligeireza como somos manipulados pelos gigantes tecnológicos. Nas páginas do livro que tem nas mãos é-lhe apresentada uma visão crítica sobre a ilusão, obsessão e manipulação que ocorre no mundo das redes sociais.

As Outras Razões, de Paulo Finuras

Na perspetiva de como a evolução dá sentido àquilo que fazemos. Confrontam-se, aqui, alguns dos «motivos ocultos» do comportamento humano, nomeadamente, por que razão há mais homens humoristas e mais escritores do que escritoras? Porque é que os olhos não servem só para ver? Porque é que os homens dominam as posições de Liderança e de Poder? Porque é que a corrupção é tão persistente e difícil de combater nas sociedades? Por que razão amamos e fazemos guerras? Quem é mais infiel, os homens ou as mulheres? O que é que os homens e os pavões têm em comum? Depois de conhecer As Outras Razões, o leitor poderá não olhar para si próprio ou para o mundo da mesma forma. Porém, não ficará dececionado com a natureza humana. É que as razões que as pessoas invocam para justificar o que fazem, e porque o fazem, sejam (mesmo) essas ou «as outras», importam menos do que aquilo que resulta delas. Um livro provocador, e invulgar de sociobiologia e psicologia evolucionista, que procura desvendar e interpretar aquilo de que não se fala habitualmente e se desconhece, mas que dá sentido aos nossos comportamentos.

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