É bem provável que Po seja a mais popular criação da Dreamworks Animation desde a trupe de Shrek. Um híbrido entre o estilo característico da animação de estúdio com o grafismo oriental que consagrou-se num êxito de bilheteira em 2008, tendo rendido mais de 600 milhões de dólares em todo o Mundo.
A fórmula foi simples, para além de humor à mistura tendo como principal alvo as idiossincrasias associadas ao animal panda e os signos animalescos por detrás das artes marciais chinesas, por outras palavras o kung fu, unindo com um registo que homenageia o subgénero wuxia. Kung Fu Panda foi, sim, um “feliz” passo por um estúdio que cada vez mais vincava a sua rivalidade com a Walt Disney / Pixar. Três anos depois surgiu a inevitável sequela, contado com um enredo mais negro, focado no passado do seu protagonista, assim auferindo uma outra dimensão dramática, em acréscimo tivemos um vilão trágico com “voz emprestada” de Gary Oldman. Essa obra de sufixo numero dois constituiu noutro êxito de bilheteira, o que só validou a produção de um terceiro filme, nas suas possibilidades, o último de uma dinastia “pandalesca“.

Neste episódio tão ou mais colorido, Po reencontra o seu pai biológico, um panda camponês que reside no descrito último reduto dos pandas. Agora enfrentando um vilão sobrenatural que ameaça destruir toda a civilização, o nosso protagonista terá que ensinar as artes de defesa aos congéneres cuja a coisa mais parecida com lutar, é de facto rebolar. Tendo os tiques de Seven Samurai, de Akira Kurosawa, Kung Fu Panda 3 é uma aventura que não envergonhará os mais jovens, mas dentro da formada trilogia é evidentemente o menos inspirado. Em causa está a dramatização adquirida do segundo capitulo e o humor positivamente trapalhão do original, dissipados perante um enredo ambicioso que não apresenta envergadura para com sua duração.
O resultado disso é um filme de animação com algumas novas e promissoras personagens que nunca evoluem do seu estado de caricatura e os velhos “residentes” são meramente ingressados em passagens referenciais, enquanto que a intriga varia entre o vistoso e o já revisto. Certamente não procura o Óscar de Animação deste ano, mas Kung Fu Panda 3, agora sob co-produção chinesa, é um dos exemplos que até mesmo os bem-sucedidos ícones de estúdio tendem em demonstrar de cansaço (basta verificar o que aconteceu com Shrek) e o facto do “3” não ser um número da sorte do panorama animada. Contudo, a “pequenada” vai apreciar esta descontraída produção, mesmo que não fique nas suas respectivas memória.
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