What’s the use in doing good if nobody perceives it that way?
– Sheldon
Esta série conta a história de uma família de super heróis em que os progenitores já se encontram envelhecidos e prestes a reformar-se e devem, por isso, garantir que o seu legado é cumprido pelos seus filhos.
Tenho a confessar que achei a série fraca e desinspirada. As interpretações e o guião são limitados e vazios e, infelizmente, a premissa principal não é suficientemente forte para segurar a história durante os 8 episódios, acabando por se tornar numa história repetitiva e que não parece ter nada para oferecer. A maneira como tentam misturar super-heróis com humanos torna-se muito forçado e não existe qualquer realismo naquilo que tentam transmitir (sim, porque até dentro de um mundo de super-heróis pode haver realismo).
Outro aspecto que não resulta é a forma como tenta apresentar duas linhas temporais contadas de forma paralela. Começa a fazê-lo de uma forma tão aleatória que nem uma linha narrativa nem a outra captam o interesse do espectador. As personagens principais não têm qualquer carisma e todos esses pequenos detalhes “puxam” a série ainda mais para baixo. Existem, no entanto, duas personagens que são excepção e que acrescentam alguma tensão e carisma: George Hutchinson e Hutch. Quando alguns episódios se concentraram neles, a série atinge níveis aceitáveis, mas, ainda assim, como um todo é uma obra que não recomendo a ninguém e nem alguns resquícios de boa cinematografia e boa banda sonora salvaram este desastre.
* CUIDADO COM SPOILERS *
A série concentra-se numa família de super heróis liderada por Sheldon Sampson (Josh Duhamel) o patriarca da família que é visto como um deus no mundo dos super-heróis, que aposta num código muito específico, mas que choca com as ambições dos super-heróis mais jovens.
Sheldon nunca acha que o filho está ao nível necessário para o substituir. O ator tinha aqui uma enorme tarefa, pois tanto a linha narrativa do presente como a do passado estão em grande parte nos seus ombros e, embora o material seja já fraco de origem, o ator falha miseravelmente em transportar algum tipo de emoção e é uma das razões pela qual a série não resultou. Existe, por exemplo, uma linha narrativa em que o seu filho Brandon mata alguém no primeiro episódio (para salvar o pai) e depois todos os 8 episódios são sobre isso, sobre Brandon sentir-se mal e o pai estar sempre a falar desse momento. Este é só um pequeno exemplo de como a personagem de Sheldon é limitada, vazia e repetitiva, espelhando toda a história.
Leslie Bibb interpreta Grace, a matriarca de família e que é muitas vezes a voz da razão que chama Sheldon para os tempos modernos e relembra que as regras de outrora já não são aplicáveis ao mundo de hoje. Grace está presente nas duas linhas temporais e é curioso ver como os dois se conhecem no passado, ainda que a personagem em si pouco tenha tido impacto real na história, no entanto, a atriz faz um trabalho competente.
O filho Brandon (Andrew Horton), que procura uma aprovação do pai que parece nunca chegar e que é ostracizado por 8 episódios por ter morto um vilão (quebrando o código da família), é uma personagem também limitada e algo infantil para todo o âmbito da história.
Por último, temos Chloe (Elena Kampouris), a ovelha negra da família, que se ressente com o pai por nunca ter estado presente e que tem comportamentos desviantes e destrutivos. O problema é que os 4 juntos não formam sequer UMA personagem interessante e complexa e são supostamente os pilares da série.
Já referi duas personagens que foram a exceção a esta regra: George Hutchense (Matt Lanter), uma personagem super complexa e misteriosa e é o único do grupo “do passado” que não vemos no presente. Por isso, ao longo dos primeiros episódios, as perguntas “Onde é que ele estará?” e “O que lhe aconteceu?” começam a surgir e é um bom detalhe da série. A personagem acaba por ser revelada como o grande vilão de toda a história e foi de longe a personagem mais bem desenvolvida, tendo um dos melhores episódios focado no seu papel principalmente como jovem. Outra personagem que resultou foi Hutch (Ian Quinlan) que, embora tenha uma linha narrativa independente, mostrou carisma e criou um impacto positivo na série, acabando por servir de compasso emocional para Chloe.
Normalmente apontaria aqui os episódios favoritos, mas sinto que nenhum mereceu uma menção honrosa sequer, sendo todos maus ou razoáveis.
Para além de todo a série, não gostei nada do episódio final. O seu maior problema é que, sendo o final, é contado como se fosse apenas mais um e, embora exista uma enorme revelação twist de quem na verdade é o vilão, tudo fica por ser resolvido e concluído. Como a série (previsivelmente) foi cancelada, nunca teremos uma conclusão apropriada e, por isso, vai ficar na história como aquilo que sempre foi: uma série vazia, limitada e repetitiva. Não é o melhor legado para o Legado de Júpiter.