Como diz sabiamente Heidi Klum, em Project Runway, “in fashion, sometimes you are in and sometimes you are out“. O mesmo é aplicado ao mundo que nos rodeia. No meio de tanta informação, há que saber separar o trigo do joio, o importante do acessório e o interessante do que deveria nem ter sido notícia. É disso que viveu este espaço semanal, que surgiu de uma ideia que estava a ser usada para o Facebook, onde todas as sextas-feiras eram colocados dois posts – um referente ao Destaque da Semana e outro à Fava da Semana. Acima de tudo, pretendi construir um espaço de discussão, onde o objectivo era também incentivar o Leitor a dar uso ao teclado e deixar a sua opinião sobre os vários temas abordados fluir.
Há umas semanas essa dinâmica sofreu uma pequena alteração, porque, tal como dois posts de Facebook evoluíram para uma crónica, também esta crónica, em 2015, irá sofrer uma alteração que a seu devido tempo irá ser revelada. Por essa razão, decidi escolher 5 temas que me apaixonam como pessoa e cidadão atento ao que me rodeia para desenvolver nas últimas 5 crónicas d’A Voz do Editor.
Para fechar este ciclo escolhi como último tema o Poder do Conhecimento e o quão importante é estar aberto para os ensinamentos que a vida tem para nos dar…
Gandhi, num dos seus ensinamentos de vida, disse que “devíamos aprender como se fossemos viver para sempre.” Esta afirmação guarda em si a sabedoria de que os seres humanos não estão destinados a parar de crescer e de aprender, mesmo que o nosso tempo na Terra seja limitado. Parte do que nos torna felizes na vida é a capacidade que temos de aceitar novas experiências à medida que envelhecemos, apesar de nem sempre ser fácil de o fazer.
A vida não pára. O stress acumula-se e as nossas responsabilidades, por norma financeiras, leva a que o nosso crescimento como pessoas deixe de ser uma prioridade. Para além disso, ao fim de aproximadamente 22 anos na escola, pensamos que, assim que terminamos os nossos cursos, a nossa fase de aprendizagem está terminada. O que é estranho de pensar, porque não faz muito sentido que apenas um quarto das nossas vidas é que devem ser devotadas à aprendizagem e que, depois, devemos simplesmente viver com o conhecimento adquirido ao longo desse período. É uma ideia errada, mas uma que muitos acreditam ser verdadeira, pelo menos a um nível inconsciente. Só porque a nossa educação formal tenha terminado não significa que o nosso processo de aprendizagem tenha terminado.
Ao longo da minha vida, aprendi que os beijos não têm contratos e que andar de mãos dadas não significa para sempre. Aprendi que a atracção por alguém é apenas uma faísca inicial e não a fundação para algo. Falar é fácil, mas sorrir é maravilhoso. Aprendi que devemos aprender a ter uma atitude de benevolência para com os outros, porque a maioria das pessoas simplesmente tenta fazer o melhor que sabe.
Aprendi que os milagres acontecem todos os dias. Todas as leis da Natureza podem ser desafiadas por algo mais poderoso do que os seres humanos. Aprendi que a sensação de euforia e de êxtase podem ser construídas através dos sonhos. No entanto, dizer adeus, seja para sempre, ou apenas por um mês, muda as situações irremediavelmente. Não nos sentimos completos. Sentimos um nó como se fossemos cordas e a pressão que a tristeza causa obriga as nossas emoções a ganharem vida. Depois, o nó é desfeito, a nossa corda vai desaparecendo e uma nova normalidade é encontrada.
Aprendi que a ligação mental, física e emocional com outra pessoa não pode ser espelhada, nem copiada, porque todos nós experienciamos as nossas ligações de forma diferente. Aprendi que palavras que magoam são como carvão a arder nas minhas mãos, mas que, normalmente, são difíceis de serem abandonadas. Aprendi que ouvir um sentido “desculpa” faz-me esquecer todos os males que me fizeram e que sou capaz de dar mais segundas oportunidades do que aquelas que digo dar.
Aprendi que uma carta escrita à mão não é uma promessa e que o perigo e o medo são apenas invenções da nossa mente. Aprendi que a imaturidade e o egoísmo nem sempre são companheiros de viagem. Aprendi que todos os sentimentos são temporários e que um singelo momento não representa a minha vida toda.
Aprendi que as minhas reacções perante determinadas situações representam mais a minha personalidade do que as minhas palavras. Aprendi a fazer o que gosto, mas também que, por vezes, temos de fazer sacrifícios para podermos seguir com a nossa vida em frente. Aliás, algumas das melhores lições de vida que tive foram aprendidas depois de ter trabalhado em algo que não queria. Aprendi que a pessoa que menos se preocupa connosco é aquela que, muitas vezes, tem mais poder sobre nos e que ser aquele que mais se preocupa pode levar-nos a, no final, ficarmos magoados.
Aprendi que a perfeição é como um arco-íris, que pode ser percepcionado, mas nunca pode ser alcançado, nem tocado. Tal como uma miragem num deserto, iremos continuar a perseguir essa perfeição, só para percebermos que não é possível alcança-la. Aprendi que a perfeição nunca me irá satisfazer, porque acabo sempre por me apaixonar facilmente pelos defeitos.
Aprendi que tudo o que fui e tudo o que sou não é tudo o que irei ser. Não estou onde estou destinado a estar, mas encontro-me a fazer o caminho para lá chegar. Aprendi que algumas pessoas são como óculos de sol baratos – giros, engraçados e que servem o seu propósito por um período de tempo, mas, no fim, acabam por desaparecer. São pessoas que acabam por sair do nosso mundo, quando começamos a gostar delas.
Aprendi que não posso mudar ninguém, para além de mim mesmo. Aprendi a ouvir o meu coração, quando ele fala comigo. Aprendi que os encontros verdadeiramente importantes na vida são planeados pelas nossas almas muito antes dos nossos corpos se conhecerem. Aprendi que, na nossa vida, algumas pontes merecem ser destruídas, outras merecem ser atravessadas e algumas são boas para serem fotografadas, mas nunca atravessadas. Algumas pontes simplesmente não irão levar a algum lugar importante.
Aprendi que a vida, por vezes, é como se estivéssemos num descapotável a 200 km/h, a descer uma recta, só para sermos parados por um caminho sem saída. Está repleta de adrenalina, música alta e vento nos cabelos. Depois, aprendi que, se algo aparenta ser demasiado bom para ser verdade, é porque, provavelmente, não o é. Aprendi que a primeira vez em que nos magoamos não é a vez mais dolorosa, nem a que irá durar mais tempo. Cada ferida dói e sara à sua maneira. Aprendi que um desgosto amoroso não é uma âncora, mas sim um propulsor para novas aventuras.
Finalmente, aprendi a ter o meu olhar no horizonte, para não cambalear no presente, só por estar a olhar constantemente para o passado. É normal que, às vezes, pare para cheirar as flores que estão ao lado do meu caminho e, de vez em quando, pego numa e levo-a comigo para ter mais uma razão para sorrir.
Com este pensamento, termino A Voz do Editor. Obrigado por me acompanharem e para o ano este espaço volta com uma nova evolução no seu conceito. Até lá, boas leituras, Leitores Sombra.
Uau! Texto fantástico e fez-me, sem dúvida, pensar, sorrir e ter esperança 🙂
OOOOHHH, obrigado Rosita :). Pareceu-me um bom texto para terminar a saga do A Voz do Editor e para fechar o ano. Ainda bem que teve esse efeito, porque era essa a ideia :). Obrigado pelo comentário e pelo elogio 🙂
Muito bom….texto empático ..expressando um sentir comum ao Homem atento e ávido por aprender…Muito obrigado pela dádiva …pelo sentimento de não isolamento mental que tive ao lê-lo..
Obrigado por estes minutos de comunhão