Como mãe de três filhos, um deles com NEE, é comum perguntarem-me se não estou preocupada com o futuro deles. Sim e não.
Apesar de ser uma pessoa que pensa bastante, tenho tendência a estar mais focada no presente, e a curto prazo, do que a viver no futuro ou no passado.
Sei que a maioria das nossas preocupações não se concretizam e sei, por experiência própria, que não adianta fazer grandes planos, pois os imprevistos e as curvas e contracurvas da vida levam-nos, por vezes, para outros lados.
No entanto, seria ingénua, e até leviana, se não compreendesse, também, que o futuro se constrói hoje. Só podemos colher o que, e se, semearmos primeiro.
Com todas as notícias que vemos, a instabilidade que sentimos, a precariedade laboral, a dificuldade em se conseguir um bom emprego, em adquirir casa e em ter serviços de saúde, é legítimo pensar no que será o futuro dos nossos filhos.
Quais são as principais características que as nossas crianças de hoje têm de estar preparadas para enfrentar daqui a dez anos? Como será a sociedade e o mercado de trabalho? E como nós, pais, as podemos ajudar?
Para mim, as minhas duas maiores preocupações são querer que eles sejam boas pessoas e que sejam felizes. Creio que dar um bom exemplo é fundamental. Criá-los num ambiente de veracidade, honestidade, transparência, onde as suas diferenças, e forma única de ser, são respeitadas, valorizadas e expostas sem vergonha. Mesmo quando se erra e falha deve-se assumir e aprender com isso e não omitir ou colocar a culpa em terceiros. Não promovo egos nem a ideia de que são melhores ou piores do que os outros. Todos somos diferentes, com necessidades básicas iguais, todos temos habilidades em certas áreas e todos temos a hipótese de aprender, melhorar e evoluir noutras competências, mesmo que não nos sejam inatas.
Tento mostrar as diferentes possibilidades em termos profissionais. Não temos todos de ser Youtubers, Influencers ou TikTokers. Existem profissões que serão sempre necessárias como quem planta, quem distribui, quem vende, quem prepara e serve comida. Nem todos serão doutores e engenheiros. Canalizadores, informáticos, eletricistas, cozinheiros, veterinários, dentistas, cuidadores, terapeutas… enfim, a lista podia continuar.
Independentemente da escolha, e as possibilidades existentes na altura, se a pessoa for honesta, tiver um bom íntimo, vontade de aprender, ajudar e trabalhar, existirão sempre oportunidades. Isto é o que eu acredito. Há coisas que não passam de moda.
Assim, o maior foco é passar-lhes esses bons valores, não os proteger demasiado, dar-lhes liberdade, deixá-los experimentar, cair e levantar e perceber que para se conseguir algo é preciso trabalho, aprendizagem e vontade. Nada cai do céu, só chuva.
Creio que, hoje, muitos pais protegem demasiado os filhos. Fazem-lhes demasiado as vontades, deixam que eles mandem em casa. Os valores e as regras não se podem anular nem inverter. Isso, sim, será determinante no futuro deles. A capacidade que eles terão, ou não, de se desenrascarem, de se saberem gerir e não ficarem melindrados e encostados aos pais quando surgirem adversidades. Porque vão surgir. Nós, os nossos pais, os nossos avós e bisavós também as tivemos.
Por fim, mas não menos importante, acredito no lema «o futuro a Deus pertence». Tenho fé de que na altura certa tudo se resolverá da melhor maneira porque muito não está nas nossas mãos resolver.
Nota: Artigo escrito com o Novo Acordo Ortográfico.