Tem sido com manifesta preocupação que observo o nada inocente isolamento da Grécia. A Crise, ou melhor, a “Mãe de todas as Crises” está longe de ter falecido e a dita ainda anda por aí e continua muito actual, condicionando políticas e colocando em xeque relações entre Estados que deveriam trabalhar todos em prol do bem-estar comum.
Tem sido sobejamente preocupante verificar também que cá pelo nosso país o assunto Grécia deixou de ser tema de manchetes de Jornais/Rádios/TV’s para passar a ser um cantinho quase que incomodo que é colocado na capa dos jornais, ou no rodapé de uma qualquer sessão noticiosa das Televisões e Rádios. Quando surge um eventual debate e/ou destaque à situação Grega, ou é para se gozar com a indumentária de Yanis Varoufakis (actual Ministro das Finanças Grego), ou é para se dar uma de nariz empinado, porque os Gregos são todos uns malandros que não querem pagar o que devem.
Esta maneira de estar é perigosa…
Demasiado perigosa, porque demonstra que não temos capacidade para olhar para o passado. A Crise das Dívidas Soberanas (também conhecida como “Mãe de todas as Crises”) “nasceu” na Ásia, rapidamente se estendeu aos Estados Unidos da América e daí “saltou” para a República da Irlanda para depois chegar à Grécia. Durante todo este processo, no nosso pequeno rectângulo à beira-mar plantado gritou-se a plenos pulmões “não somos a Irlanda!”, “não somos a Grécia!” e no final acabamos como eles: intervencionados e “entroikados”!
Esta sobranceria da parte dos Estados-membros da Zona euro (e não só) e muito em especial a nossa é muito perigosa como já afirmei umas linhas atrás.
Não é por mero acaso que muitos Economistas apelidam a Crise das Dívidas Soberanas de “Mãe de todas as Crises”. É que a dita cuja “alimenta-se” de dívida e o actual modelo de financiamento de todos os Estados do nosso Planeta baseia-se na venda de dívida uns aos outros… No dia em que este sistema falhar, será o início da 3.ª Guerra Mundial.
Os Políticos Europeus, especialmente os que lideram os Governos dos Países do Sul da Europa, deveriam fazer o possível e o impossível para chamar à atenção de toda a Europa e Mundo de que o caso Grego poderá ser o “clique” de que a Economia Mundial precisa para pôr um fim na “Mãe de todas as Crises”. A Grécia poderia muito bem servir para que se procurem alternativas à austeridade brutal e cega que apenas serve os interesses da tal “Mãe”.
Porém, os nossos Políticos parecem ter algum medo de fazer algo que contrarie o sistema da dita “Mãe” que volta e meia aterroriza meio Mundo. E quando surge alguém como o Executivo de Tsipras que resolve ser “malcriado” com a “Mãe”, eis que entra logo em campo a sobranceria, o gozo, o mal dizer, as frases pré feitas e os rótulos para que se isole e se deixe “falecer” uma possível solução.