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Breve Encontro – Um clássico muito especial

Há muito que a resposta é “Não tenho” de cada vez alguém pergunta “Qual é o teu filme preferido?”, mas são tantas as vezes que me apetece responder: Breve Encontro

O tema, tal como o filme, é clássico: um homem e uma mulher, ambos casados, apaixonam-se e confrontam-se com o dilema do caminho a dar às suas vidas. Nada de novo. O que torna então este filme singular? Tantas coisas, sendo a última delas a vontade que tive em ir ver recentemente uma reposição à Cinemateca e encontrar inúmeros detalhes maravilhosos que me haviam escapado em visualizações anteriores.

Baseado numa peça de (Sir) Noel Coward, o filme foi realizado (e co-escrito) por David Lean, pupilo de Coward que viria a tornar-se num dos grandes realizadores do século XX. E que subtileza de argumento… não só a narração e as considerações que vamos ouvindo na mente de Laura são de uma sinceridade que nos desarma, como a utilização do monólogo interior, julgo que inovador à época, conferem o toque de realismo que nos aproxima a nós, espectadores, da história, humanizando aquelas personagens.

Laura e Alec conhecem-se numa cafeteria de uma estação de caminho-de-ferro em Inglaterra da década de 40. Nada nos leva a suspeitar de que a infelicidade tomou conta das suas vidas, mesmo quando a convivência, que ambos tentam moldar de uma normalidade que sabem não o ser, os aproxima e abrindo-se ao amor. É essa ausência de causa exterior à qual pudessem atirar a responsabilidade do “fruto proibido”, que atormenta Laura (e Alec). A dualidade agridoce entre a agonia crescente e a paixão que a faz estremecer é tão bem vivida e contada por Celia Johnson que torna difícil não ouvirmos dentro de nós o eco das suas palavras, no tom com que ela no-las faz chegar, nos sentimentos que a atravessam.

Os planos, a fotografia e a utilização magistral da luz e da sombra são magníficos, assim como o emprego do som dos comboios a marcar os tempos da relação; o apito anunciador da alegria é o mesmo que faz cair a tristeza. E que perfeição conseguir acompanhar todo o filme com o Concerto nº 2 para piano de Rachmaninoff: Ao rever a obra, o concerto ganhou tanto, mas tanto que cheguei a casa e fui ouvi-lo… qualquer um dos três andamentos me transporta à Inglaterra da década de 40, à estação de comboios onde Alec e Laura se conheceram, ao café onde ouvimos os acordes ao piano com as chegadas e partidas como pano de fundo. Fecho os olhos e revejo o filme ao som de Rachmaninoff. Arte e Amor; e como Somerset Maugham escreveu em Servidão Humana: “Só o Amor e a Arte tornam a existência tolerável.

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