Nas nossas vidas, vamos construindo paredes. Paredes que nos isolam. Paredes que nos mantêm separados do próximo. Paredes que nos protegem do mundo. Paredes que nos escondem. Mas a construção de paredes será a solução para os nossos problemas ou o início do caos?
É fácil construir uma parede. É fácil e muito mais rápido. Construir uma ponte, por exemplo, requer mais trabalho do que uma parede. Assim, quando nos queremos afastar do outro, quando queremos um refúgio… construímos uma parede, ignorando que as mesmas paredes que nos mantêm a salvo do mundo exterior das emoções e das relações, também nos destroem, lenta e dolorosamente.
O ser humano, porém, opta sempre pelo caminho mais simples e menos árduo. Quando o outro nos magoa ou quando as dificuldades batem à porta, preferimos algo que resolva o nosso problema no momento, que não permita que o mesmo se prolongue.
As paredes não exigem muito esforço e não precisam de ser meticulosamente planeadas, só é necessário erguê-las, mas é nelas que reside o grande problema. As paredes são o início do caos. Afirmam a nossa incapacidade de lutar, de nos esforçarmos, de tentarmos melhorar.
Desde os tempos primordiais, as paredes têm dividido o mundo e as pessoas. Separam-nas. Fazem-nas crer que é mais fácil desistir e sucumbir à sombra da parede, do que tentar de novo, dar uma segunda oportunidade, estender a mão ao próximo.
Não foi a invenção da lâmpada que mudou o mundo, tão-somente a nossa facilidade de erguer paredes quando o vento se agita, como se estas nos pudessem manter protegidos e aquecidos.
É certo que as paredes açoitam o vento lá fora. O vento das emoções, o vento da confiança e de outros tantos sentimentos. Impedem o vento de entrar sorrateiramente e criar tempestades do lado de dentro, mas as mesmas paredes que mantêm o vento no exterior, não nos permitem ver o sol quando ele brilha, não nos permitem sentir a brisa leve de uma manhã de primavera, marcada pelo som do riso daqueles que amamos
As paredes que nos mantêm seguros, não nos permitem criar laços, beber de outras fontes, conhecer novos caminhos ou escutar o bater de outros corações. As paredes não nos protegem – desengane-se quem nelas deposita a sua confiança –, as paredes fornecem-nos uma falsa segurança, uma utopia.
Pensa bem antes de ergueres uma parede, pensa bem naquilo que pretendes. Se procuras uma solução, lembra-te que as paredes são apenas o início do caos que, a todo o custo, queres evitar.