Sempre me acusaram, injustamente, de meter o nariz em tudo e dar opiniões sem serem pedidas. Também, em boa das verdades, nunca me preocupei com essas opiniões e continuei a fazer aquilo que bem entendia. Ia por caminhos tortos, cheios de lama e paus soltos, quando podia ir pela estrada limpinha e acessível a todos, mas isso não me desafiava nem aliciava. Chegava ao destino suja, arranhada e cansada, mas tinha tido boas experiências que nunca aconteceriam se fosse por onde me diziam.
Assim sendo, sinto-me à vontade para passar os meus conhecimentos para quem os quiser ouvir. Problema deles, como eu costumava dizer. Quem quiser ouvir que oiça, quem não quiser, tem a porta aberta para sair. A minha veia rebelde nunca se curou e ainda bem, faz-me muita falta e dá-me equilíbrio.
Tudo isto a propósito do quê? Dos homens, inevitavelmente. É um lugar comum dizer que não sabem nada sobre mulheres, mas é a mais pura das verdades. Podem pensar que sabem, mas estão enganados. E muito! Para colmatar essa falha vou-vos prestar aqui uns ensinamentos que lhes podem ser úteis. No entanto, têm de os entender, porque só assim farão efeito. Percebido?
Vamos olhar para o corpo feminino. Certo! Já o fizeram vezes sem conta, já o imaginaram, já o tocaram, já o apalparam, mas alguma vez o sentiram, o viram como ele realmente é? Olhem que as mulheres sabem e levam um grande avanço neste campo.
Para facilitar as coisas, comecemos por cima, pela cabeça. Os olhos, espelhos da alma, reflectem os sentimentos e as sensações que se aliam ás expressões faciais. Não é só olhar é preciso entender o porquê do que se está a passar. O queixo, o seu contorno pode ser muito atraente, porque dá a forma ao rosto, emoldura o pilar da cabeça. Não esqueçamos a boca, com os seus lábios atraentes que teimam em ser beijados. Esta parte já conhecem bem, mas esquecem muitas vezes que um beijo é terapêutico e conciliador. Sabiam?
E agora falamos do pescoço. Não aquele que não existe, mas o que está à vossa frente. É uma zona muito sensível, muito íntima e que é muito injustiçada no tratamento. Coitado! Sente-se tão só, tão triste, porque não lhe dão importância. No entanto, é tão bom sentir uns lábios que o tocam, que o beijem, que se entretêm a explorar aquele campo que afinal está armadilhado. Podem acertar nos locais das minas e sofrer os efeitos das explosões, o que só beneficiará quem o conseguir. Essas que estão a pensar, sim, essas mesmo.
Os ombros estão a amparar aquilo que habitualmente reparam logo em nós: os seios. Podem ser grandes, pequenos, secos, volumosos, redondos, ovais e de tantas outras formas mais. São sempre os seios. Aqueles objectos de prazer a que os homens não resistem por variados motivos. Somos queridas e queremos partilhar convosco. Aproveitem, mas não sejam brutos. A gentileza e delicadeza é essencial para uma boa relação. A pele é nossa, mas é preciso cuidado e sabedoria para que fique no tal ponto. Entenderam? Também sentimos e gostamos de sentir, de percorrer caminhos, de sensualidade, de reciprocidade. Tão simples quanto isto. Lição básica.
Avancemos, ou seja, descemos na anatomia que urge conhecer. As ancas são receptáculos poderosos, valiosos e grandiosos. É onde alojamos o milagre da vida, onde suportamos o peso das emoções, onde está a magia que nos eleva aos planetas desconhecidos e distantes. Gostamos de viajar, que nos proporcionem momentos de uma grande riqueza e potencial, mas precisamos de tempo para a viagem. Não querendo usar nem palavras nem muito menos palavrinhas, digo somente que cada uma de nós tem tempos de reacção diferentes. Não somos máquinas que se ligam carregando no on. Muitas vezes ainda estamos off quando vocês já lá regressaram. Não é justo.
Estou-me a alargar muito? E nem expliquei os detalhes que penso serem dispensáveis. Sejam astutos, destemidos, rebeldes e audazes. Aventurem-se e ficarão a ganhar com todas estas descobertas, este mundo que se vos oferece a ser pesquisado e aproveitado detalhadamente.
E posso usar uma linguagem técnica, um jargão que só alguns entendem ou escrever umas palavritas correntes que ainda podem fazer corar alguém. Não vou escolher nenhuma das opções, porque é sobejamente sabido que não se trata de palavras, mas sim de actos, de acções, de atitudes. E atenção que as mulheres sabem, mesmo antes de os homens perceberam, elas sabem.
Invistam o vosso tempo, perscrutem, avaliem que só têm a ganhar com o vosso trabalho. Claro que aqui não existem nem classificações nem óscares pelas actuações. Há muito trabalho de casa, em casa, para casa. Não descarto os hotéis, as pensões e outros locais onde se possam encontrar e desfrutar dos corpos em pleno. Isso é convosco, não me diz respeito. A única coisa que posso dizer é que sejam generosos e atenciosos. É tudo uma questão de dar e receber. Podem crer que é assim!
Pensando bem, talvez seja necessário obrigar-vos a escrever várias vezes “Eu vou portar-me bem, vou ser um bom menino” para ficar interiorizado e permitir, depois uma boa actuação. Lá estou eu a dar opiniões sobre os assuntos dos outros. Eu só quero ajudar, não me levem a mal, vá la.
Continuamos com a nossa anatomia? Ainda precisam de mais dicas e empurrões? Não se esqueçam nunca das mãos que vos tocam, as mãos que vos acariciam, que vos percorrem, que vos mapeam e dos pés que vos podem massajar, aliviar, acalentar e ainda de todo o corpo que vibra, em sintonia, quando o estudo é aplicado.
Não digo mais nada. Já chega de me intrometer na vida daqueles que não querem saber nada. Fiquem como estão ou então, se se quiserem dar ao trabalho de ler e seguir as sugestões, vão perceber que foi para vosso benefício e nosso. Uma relação biunívoca.
E agora vou pregar para outra freguesia que aqui ainda me apedrejam ou chamam a polícia para me levar para qualquer esquadra, onde lhes irei massacrar a cabeça com sugestões de tudo e mais alguma coisa.