Numa sociedade onde predominam as aparências, rótulos e descartabilidade, é muito fácil cair nas garras do julgamento.
É um processo produzido pela mente humana quase instantaneamente perante o aspeto e/ou atitudes dos seres da mesma espécie. Fazer juízos de valor é uma proeza muitíssimo simples.
Perante este cenário, para onde caminhamos?
Pouco depois da nascença, somos rotulados em função de sexo (géneros relacionados com as variadas tendências sexuais); em função das nossas caraterísticas fisiológicas e/ou neurológicas, como se esses carimbos definissem a essência e unicidade de cada ser humano. Prevalece a aparência.
“Quando alguém julgar o seu caminho, empreste-lhe os seus sapatos.” Este cliché encerra em si mesmo mais do que uma realidade e mais que um conceito. Poderíamos dizer que todos nós fomos, mais de uma vez, objeto de julgamento, o foco de alguma opinião mais ou menos correta que nos machucou ou incomodou.
Nunca se adivinha a história ou até o drama de vida que estará por trás da aparência de um simples ser humano a quem apontamos o dedo sem qualquer despudor ou compaixão.
Tirar conclusões sobre alguém, desconhecendo o caminho que percorreu, as dificuldades, dramas, emoções provocadas, é uma atitude demasiado precipitada e até cruel. Cada um sabe “a bagagem” que transporta na vida. Urge saber colocar-se no lugar do outro.
Caminhamos para uma sociedade demasiado desumanizada.
As pessoas são descartáveis no que concerne às relações. O abraço e o toque físico são esquecidos face ao contato imediato que as redes sociais permitem, com todas as liberdades benéficas e/ou prejudiciais que acarretam. Mas este seria um assunto vasto que seria objeto para outro tema.
Cabe a cada um de nós fazer a sua parte como seres sociais.
Pessoalmente, tento atentar e lutar contra essa tendência quase inata de julgar o outro. Se cada um de nós conseguir fazê-lo, caminharemos, então, para uma sociedade mais condescendente, mais compassiva e consequentemente, mais justa.
A qualidade de ser isento de julgamentos ou juízos de valor seria uma realidade utópica?
Nota: Este artigo foi escrito seguindo o Novo Acordo Ortográfico
Subscrevo inteiramente. Muito bom!