Neste filme baseado no livro de Rosie Ham, Kate Winslet é a misteriosa Tilly Dunnage que chega de viagem a uma vila fictícia, poeirenta e rural, chamada Dungatar. Percebemos rapidamente que aquela era a cidade natal da personagem. Estamos no ano de 1950 e Tilly começa por visitar a mãe, Molly (Judy Davis), que claramente não a vê há muito tempo, ou encontra-se com amnésia relativamente à filha. Com o decorrer da história, percebemos que a chegada de Tilly foi totalmente propositada e todos na vila a odeiam. Por esse motivo, tenciona a todo o custo limpar o seu nome de um crime que acredita não ter cometido em criança. Contudo, a dificuldade não está em reescrever a história com a verdade, o maior obstáculo da protagonista vai ser mudar a mentalidade rudimentar dos habitantes de Dungatar.
Demorei a perceber o sentido da história. O filme teve um início demorado e a sua continuação foi lenta. “A Modista” só começa a adquirir força e a ganhar o interesse do espectador, quando se cruza com o mistério sobre a morte de um rapaz há muitos anos. Jocelyn Moorhouse é a realizadora deste melodrama, repleto de sátira social. Na sua filmagem é notória a graça feminina. Planos certos sem arriscar em falsos movimentos. Moorhouse apresenta-se segura de si mesma, enquanto que Kate Winslet é mesmo a estrela do enredo – o seu ar de mulher fatal e a sua elegância de diva, dão um toque especial ao filme. O filme, como não podia deixar de ser (e muito devido ao seu título), exibe um excelente guarda-roupa, uma experiência de alta-costura que não vai deixar ninguém indiferente, principalmente aos olhares femininos. Vestidos sofisticados e originais tornam uma simples mulher numa deusa.
Ao lado de Kate Winslet está Liam Hemsworth como Teddy, o interesse romântico da protagonista. Um amor pouco convencional e com uma diferença de idade notória, apesar de no filme tal não ser mencionado. A personagem de Tilly não tinha qualquer intenção de se aproximar de alguém, referindo várias vezes que a própria estava “amaldiçoada”. No entanto, Teddy sempre estava lá nos momentos que mais precisou, inclusive ajudou-a a ultrapassar o trauma de infância.
No fundo, “The Dressmaker” segue principalmente a história de Tilly, na sua paciência para lidar com as pessoas que a criticam e a julgam. Nada mudou naquela cidade que outrora pertencera ao seu passado. O final foi divertido e merecido. Durante o demorado filme, estávamos à espera do momento em que a personagem de Kate Winslet desnorteada com a sua má sorte se irritasse a valer com todos naquela cidade. Afinal todos mereciam. “A Modista” está repleto de drama e expõe em si uma enorme crítica social. Só vale a pena ver pela Kate Winslet e pelo fabuloso guarda-roupa.
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