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O Eterno Teatro Noh

Estive a me perguntar como escrever sobre a felicidade, ou a procura de uma felicidade que todos tentamos alcançar. Com a ascensão do ChatGPT, resolvi perguntar a IA o que é felicidade. E a resposta foi essa:

“A felicidade é um estado emocional e subjetivo de bem-estar e contentamento. É um sentimento de satisfação geral, alegria e paz interior que pode ser experimentado de várias maneiras. A definição e a busca da felicidade são conceitos complexos e variam de pessoa para pessoa. Algumas pessoas veem a felicidade como resultado de conquistas materiais, como riqueza, sucesso profissional ou posse de bens materiais. Outras consideram a felicidade como resultado de relacionamentos saudáveis, amor, conexões sociais e apoio emocional. Para algumas pessoas, a felicidade está ligada à busca de propósito e significado na vida…”

Só com esse pequeno paragrafo acima podemos perceber que a IA copiou e colou definições várias que encontramos em livros de autoajuda, aqueles milhares que existem com frases motivacionais.

Continuando a brincadeira com as diversas tecnologias disponíveis, resolvi também perguntar a minha assistente pessoal do telemóvel se ela era feliz, minha assistente está em francês, e ela respondeu-me: “Que é feliz em ter minha companhia para conversarmos e me questionou se eu estava feliz?” Essa réplica me fez rir e me fez perceber o quanto estamos solitários e a felicidade virou uma efemeridade, ou melhor, pequenos momentos de satisfação. Por que a minha assistente devolveria a pergunta para mim? Por que quando fiz a pergunta demonstrei um tremor na voz? Uma reticência ao comunicar a minha pergunta? Será que ela sabe, devido ao algoritmo que para sorrir preciso de algumas doses de Prozac?

Por outro lado, as televisões e redes sociais nos inundam com uma nova forma de meditação, comprimidos para equilibrar a serotonina, horas de academia para ter um corpo dito “padrão”, comprar um Tesla, ficar eufórico por conseguir aquele ingresso do show depois de horas em uma fila virtual… Atrela a nossa felicidade a algum tipo de crença que nos promete paz interior e satisfação. Mas, o que é preciso para ser feliz?

Que merda é essa chamada Felicidade? Se a nossa felicidade está em alcançar prazer instantâneo. Os estímulos externos e principalmente o ter dinheiro dá-nos a sensação de que a felicidade é uma tendência da moda que muda a cada estação. Entretanto esses estímulos tem uma duração curta, como uma droga consumida numa rave, voltamos ao ponto de sermos constantemente infelizes, mesmo aqueles que pensamos ter vidas extraordinárias. Para cada momento de contentamento, há imensas horas de choros, invejas, raiva, depressões. E se pararmos para pensar acabamos por falsificar e plastificar até mesmo o nosso prazer, para consumir a ditadura dos sorrisos. Como o Teatro Noh vivemos de máscaras, que as próprias redes sociais já disponibilizam, os chamados filtros que capturam o instantâneo sorriso e escondem todas as feridas que comportam o corpo.

Quando pensei em escrever sobre felicidade, pensei que escreveria um texto mais lúdico, mais leve, mas o que ocorreu foi a Siri questionar se eu estava feliz? Será que consigo responder a essa questão para uma das tantas assistentes virtuais que nos acompanham para apaziguar nossa sede de viver e ter nossas emoções equilibradas sem outros subterfúgios? Vou tirar um café e questionar a Alexa, talvez ela não seja tão profunda quanto a concorrente.

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Português do Brasil
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