Fazia frio lá fora.
As gotículas de uma chuva que era miúda, contribuíam para que a humidade se camuflasse um pouco mais naquele ar enfadonho de um final de tarde já escuro e de inverno.
Tu, estavas no passeio. Eu, estava ali sentado no outro lado de lá do teu tempo.
Querias passar. Sentias a pressa em ti para passar! E cumpriste.
Contudo, naquela passadeira, alguém não cumpriu e fez com que percebesses de como o frio molhado daquele áspero chão estava.
Mesmo assim, acredito que o sorriso tão típico que há em ti e que te sempre acompanha, também naquele momento não te tenha abandonado fazendo-te relativizar aquele espaço do teu tempo.
Tu és assim. Diferente de mim.
Ali, deitada naquele chão desconfortavelmente duro e sem te aperceberes disso, enquanto direcionavas o teu olhar para o céu escuro daquela gélida estação do ano, iniciavas o esboço de uma beleza singular de mais duas novas estrelas.
Liguei-te para ver se chegava a tempo de agarrar o teu tempo.
Não atendeste. Tive medo.
No entanto, percebi que, nesse espaço do meu tempo, no céu o brilho cintilante daquelas duas estrelas que o teu olhar quente tinha ajudado a transformar em únicas, seriam as duas estrelas mais lindas que o nosso tempo nos iria ofertar.